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A PROVA DE QUE DEUS EXISTE
Acadêmico: José Renato Nalini
Na minha simploriedade, a maior prova de que Deus existe encontra-se na permanência da Igreja Católica Apostólica Romana.

A prova de que Deus existe

Na minha simploriedade, a maior prova de que Deus existe encontra-se na permanência da Igreja. Falo da Igreja em que nasci e na qual continuo, a Católica Apostólica Romana.

Enfrenta até hoje hostilidades. Continua a oferecer o martírio para quem adere ao ensinamento de Jesus Cristo. Mas também enfrenta procelas internas, daqueles que deveriam mostrar ao mundo não-cristão o que é que realmente caracteriza os seguidores do Evangelho.

Nos primeiros tempos do cristianismo, aqueles que tiveram o privilégio de conviver ou de ao menos enxergar, ou até tocar, a figura humana e histórica do judeu chamado Jesus, ficaram realmente transtornados. Passaram a viver em comunidade, à espera de que Ele voltasse, como prometera.

Eram apontados pelos pagãos como padrões de convivência fraterna: "Vede como se amam!". Por isso é que o sangue dos mártires fecundou essa Igreja que perdura há dois milênios.

Essa tendência anarquista dos primeiros cristãos veio a ser confrontada por Paulo, o Apóstolo dos gentios, que não chegou a conviver com o Cristo. Ele mostrou a barreira que existe entre o mundo da religião e o mundo laico. "Omnia potestas a Deo". Explicou que os detentores de poder temporal só estavam a exercê-lo porque Deus o permitia ou, ao menos, tolerava. Eram esferas diferentes. E como Jesus não disse "o dia, nem a hora", o mais prudente seria que os cristãos levassem vida normal. O trabalho, a família, as ocupações rotineiras, em vez de permanecer à espera do retorno do Messias.

Ele não voltou ainda. E não se sabe quando voltará. Mas Francisco, o Papa Ecológico, aquele que escolheu para seu nome no pontificado o do santo que foi considerado o "homem do milênio", não é unanimidade.

Há quem diga que Roma é "sede vacante"! Isso porque Bergoglio enxerga mais. Não está rançoso, recluso em sacristia, a aspirar incenso e a bater no peito, como o fariseu: "Ainda bem que eu não sou como eles! Obrigado, Senhor, por me eleger!".

Sua Encíclica "Laudato Si" evidencia o quão imerso está na complexidade de um mundo que se perdeu na ignorância e na cupidez, destruindo aquilo que não foi produzido por homem algum, mas cujo extermínio acabará com a subsistência de qualquer espécie de vida no planeta.

Esse Papa conviveu, humilde e singelamente, com outro Papa, o respeitadíssimo filósofo Joseph Ratzinger, tido como um dos mais eruditos alemães destes dois séculos. Sempre rendeu a Bento XVI as reverências devidas a um interlocutor de Jürgen Habermas, zelando por seu bem-estar físico, visitando-o, tratando-o carinhosamente.

Celebrou as exéquias do Papa a quem veio suceder. Homenageou-o com franca espontaneidade. Eis senão quando, se arvoram os órfãos do conservadorismo, para cuidar da "sucessão" de Bento XVI, indicando nomes dos cardeais que melhor representariam os ideais de uma igreja tradicionalista.

Esquecem-se de que foi o próprio Cristo quem narrou que "em casa de Meu Pai há muitas moradas! Não fosse assim, eu lhes diria!".

A Igreja é Católica, por ser Universal. E o universo é exuberante. Não é homogêneo. Não é uniforme. O Criador foi pródigo ao elaborar o design inteligente e a ofertar ao bicho-homem um cosmos tão variado quanto surpreendente. A criatura racional é irrepetível, tanto que sequer o gêmeo univitelino é idêntico ao seu par. As digitais são o DNA de Deus, especialista em detalhes. A partir daquilo que Ele indica, o homem vai descobrindo os mistérios e desvelando tudo o que se ofereceu para bem viver nesta peregrinação. Biometria, Inteligência Artificial, tudo deflui dessa infindável generosidade que propõe a convivência harmônica entre desiguais.

Francisco enxerga longe. Prega a verdadeira caridade, que muito tradicionalista confunde com marxismo. Sob essa ótica, o próprio Cristo seria comunista, pois afirmou que seria mais fácil um camelo passar pelo orifício de uma agulha do que um rico adentrar ao Reino dos Céus.

Enfermo, alquebrado, a recair sobre seus frágeis ombros a condução da Barca de Pedro, o Papa Francisco precisa da oração de todos e da compreensão daqueles que se perdem na forma, para esquecer a substância. Esta se sintetizaria na lei suprema do "amai-vos uns aos outros", algo tão absurdo como a sobrevivência da Igreja, atacada por fora e pelo fogo amigo dos sepulcros caiados.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão
Em 27 01 2023



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