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A COPA QUE INTERESSA
Acadêmico: José Renato Nalini
Qual é a torcida que conseguirá reverter esse quadro atual, para que o Brasil possa almejar a Copa da redução da miséria e da desigualdade?

A Copa que interessa

Somos um povo que tem alguns caracteres infantis. Somos ufanistas, para nós a Copa é a época de colocar a “Pátria de chuteiras” e torcemos, fervorosamente, por nossa seleção.

Mas a Copa que interessa de verdade é outra. O jornalista Leonardo Vieceli, da FSP, fez uma análise da situação econômica do Brasil, em cotejo com os demais países que participaram da COPA. Não temos essa bola toda. Estamos longe dos primeiros. Tanto em crescimento, como em custo de vida.

Os ufanistas falam em PIB – Produto Interno Bruto de 3 para o Brasil em 2022. Não é o que indicam as projeções divulgadas pelo FMI – Fundo Monetário Internacional. O PIB de 2,8, previsto para o nosso país, é o vigésimo em 32 países. À nossa frente estão Arábia Saudita, que crescerá 7,6, Portugal, com 6,2, Croácia, 5,9, Uruguai, 5,3, Senegal, 4,7, Holanda, 4,5, Espanha, 4,3, Argentina, 4, Austrália, Camarões, Costa Rica e Polônia com 3,8, Gana e Reino Unido, 3,6, Sérvia, 3,5, Qatar, 3,4, Canadá, 3,3, Irã, 3 e Equador, com 2,9.

Nossa inflação, calculada em 6, não é a menor do planeta. Mas estamos melhor do que a Argentina, cuja previsão é 95. Empatamos com o Marrocos, mas Camarões, com 4,1, Equador e Suíça, com 3,8, Qatar, com 3,1, Arábia Saudita com 2,7 e Japão, 2,4, estão em melhor situação.

Já com relação à taxa de desemprego em 2022, somos o quinto país, com 9,8, muito longe da Suíça, com 2,2, do Japão, com 2,6, Polônia, 2,8, Alemanha, 2,9 e Coreia do Sul com 3 de desemprego. Só nos ultrapassam nessa preocupante avaliação, a Espanha, com 12,7, Costa Rica, 12,5, Marrocos, com 11,1 e Sérvia, com 9,9 de desempregados.

Não será fácil equacionar os problemas que derivam da falta de investimento, agravada pela errática política nas relações internacionais, que afugentou o capital estrangeiro, apto a aplicar neste país que, de promissora potência verde, aceitou e se orgulhou do título de “pária ambiental”, ganho com a célere, deliberada e cruel façanha do desmatamento em todos os biomas.

Sem crescimento não há emprego. Famílias desestruturadas, a fome se alastrando, o aquecimento global trazendo infortúnios humanos e econômicos. Qual é a torcida que conseguirá reverter esse quadro, para que o Brasil possa almejar a Copa da redução da miséria e da desigualdade?


Publicado no jornal Região Hoje
Em 19 01 2023



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