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Acadêmico: José Renato Nalini O mundo enfrenta desafios com os quais nunca lidou.
Não de lado, mas para a frente Um sintoma de que o Brasil involuiu nos últimos anos é a persistência em se rotular o pensamento, enjaulando-o entre esquerda ou direita. Ambas as posições, irredutíveis e inconciliáveis. Esse debate é datado e superado. O mundo enfrenta desafios com os quais nunca lidou. Na crença de que o planeta é capaz de resolver suas crises, independentemente da ação humana, exagerou-se no uso de recursos naturais não renováveis. O resultado é o aquecimento global que, se não for imediatamente debelado, acabará com a aventura humana sobre a Terra. Isso é muito mais importante do que ideologizar um debate estéril e falacioso. Esse o inimigo comum, não a postura política de quem pretende ressuscitar utopias e adota o fanatismo como única forma de manifestação. A fragmentada sociedade humana precisa de união para obter consensos mínimos. Como adotar o “desmatamento zero”? Como repor as cicatrizes calcinadas dos espaços que já foram verdes e hoje são desertos? Como restaurar as nascentes e cursos d’água que desapareceram ante a insanidade do bicho-homem? Como despoluir os menos de 3 de água doce que tem de satisfazer a sede humana, mas que está comprometido com a imundície incontrolável? É isso o que os homens que ainda não perderam completamente o juízo e que guardam um resíduo de discernimento devem procurar fazer. Debater, discutir, sem agressão, sem violência, sem intolerância. As armas para o enfrentamento da questão climática não são aquelas produzidas por uma indústria armamentista eficiente em seus lobbies e capaz de entusiasmar os radicais que se sentem poderosos e invencíveis quando portam consigo um instrumento letal. A verdadeira ferramenta é o entendimento, é a busca do consenso, é o diálogo democrático, em que haja respeito ao outro, consideração em relação aos seus argumentos, embora com eles não se possa concordar. É com entendimento, com paciência, com tolerância e com coragem que esta humanidade desvairada poderá ganhar a batalha contra a reação compreensível de um planeta que, de tão maltratado, resolveu dizer “chega!”. Sem direita, sem esquerda, caminhemos para a frente. Publicado no jornal Região Hoje Em 09 01 2023 voltar |
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