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Acadêmico: José Renato Nalini universo das edificações tem expertise em resiliência: superou barreiras e continua firme, a alavancar o desenvolvimento nacional.
ESG e a construção civil A construção civil é o motor mais potente na recuperação da economia brasileira, tão combalida por uma série de motivos bem conhecidos. Levada a sério, ela corrige uma série crônica de carências tupiniquins: ocupação digna e rentável para todos, o tão ambicionado emprego e o sonho da casa própria, por tantos acalentado. Afinal, a moradia foi incluída entre os direitos sociais fundamentais pelo constituinte derivado. Mas até agora ainda é miragem para milhões. O universo das edificações tem expertise em resiliência: superou barreiras e continua firme, a alavancar o desenvolvimento nacional. Notícia alvissareira é que o relatório ESG na Prática, elaborado pelo Centro de Tecnologia de Edificações, em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, mostra que o setor está antenado com as mais avançadas tendências universais. Aderiu à agenda ESG, tão importante para tratar, simultânea e seriamente, das questões ambientais, sociais e de governança corporativa. Não é preciso repetir que o aquecimento global é a maior ameaça que ronda a humanidade. Muito mais grave do que epidemias, geopolítica, guerra ou retorno ao fascismo/nazismo. Afeta a todos, indistintamente. Aflige, prioritariamente, os mais carentes. Por isso, merece devida atenção e consistente trato. Somente a iniciativa privada poderia avaliar, de forma correta e adequada, o que isso significa. Apurou-se que 71 das empresas do setor já cumprem diversas ações do ESG e outras 29 estão em fase inicial de implementação. Essa consciência corresponde a uma exigência da sociedade atenta à realidade planetária e descontente com os rumos que a política estatal recente veio a tomar, em relação à ecologia. Infância e juventude são as faixas mais alertas em relação a tudo o que possa parecer antiecológico, ou despreocupado com a redução das desigualdades e não se atenha ao uso racional de insumos finitos, o que significa governança deficiente. Daí a exigência de um compromisso gerador de resultados metricamente aferíveis. Verdade que ainda se constata uma resistência à cultura ESG, porque muita gente se recorda de que a onda verde serviu para marketing falacioso. Empresas que se diziam preocupadas com a destruição da floresta adotavam práticas lesivas, deixando de encarar a cadeia de suporte de suas atividades, adquirindo produtos extraídos da destruição ambiental, ou, o que equivale em conduta deletéria, que fossem produzidos por trabalhadores na condição de escravos. Não eram raros os abusos em relação à infância, mediante adoção de um sistema produtivo cruel, sem o zelo devido à condição física e emocional da criança. Parece que o lema ESG veio para ficar. Este ano a Comissão de Valores Mobiliários passa a exigir melhores e maiores informes das empresas, o que as levará a adotar práticas benéficas e antagônicas ao que se fez nos últimos anos, no âmbito do governo. Sim. A iniciativa privada é sempre mais ajuizada. Sabe que o capital não aguenta desaforo. Trabalha com dinheiro próprio e de investidores. Não tem a seu favor o Erário, do qual se saca sem responsabilidade, mesmo quando ele está sem fundos... O Brasil, daqui por diante, precisa aproveitar as chances que o mundo lhe abre. A energia eólica, a energia solar, a energia do hidrogênio. Tudo isso interfere com a edificação de novas residências e de novos edifícios, já harmonizados com o pilar da sustentabilidade. Quando se instalam painéis solares nos empreendimentos de moradia coletiva, todos ganham: o ambiente e os moradores. Outro incentivo é a obtenção da certificação NBR-ISO 14.000, uma credencial que permite às construtoras reduzir custos de produção, aumenta a reputação e significa eficiência sustentável. No aspecto social, a construção civil cuida de incluir mais mulheres nos canteiros de obra, o que significa a criação de um ambiente mais harmônico, mas também a garantia de serviços delicados. A mulher é mais meticulosa para os aspectos estéticos e isso valoriza qualquer construção. Algo que também necessita atenção é a criação de cursos práticos para os profissionais que nem sempre foram prestigiados nesse universo em que se fala em serventes, peões de obra, pedreiros e que hoje formam um clã muito relevante para a reconstrução do Brasil. É preciso valorizá-los e mostrar à juventude que esse é um campo inesgotável de oportunidades, já que o país tem carência de milhões de moradias. Ao lado deles, os arquitetos e engenheiros civis, sempre criativos, a mostrar que no Brasil a engenhosidade e o talento estão à mostra em todas as cidades deste imenso e complexo continente, de exuberante diversidade. Que 2023 seja o ano da construção civil, da edificação, da arquitetura e da engenharia civil, do urbanismo e das cidades mais do que inteligentes: cidades verdadeiramente felizes. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão/Opinião Em 07 01 2023 voltar |
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