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Acadêmico: José Renato Nalini O principal é saber que se inicia um novo ciclo. Queira-se ou não, 2023 pode ser um ano menos sombrio para o Brasil.
Queremos paz em 2023! Finalmente, chegou 2023! O 2022, tão emblemático, foi um ano atípico. Celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna, o bicentenário da Independência, os noventa anos da Revolução Constitucionalista de 1932, tudo já prenunciava um período singular. Mas foi também o ano das eleições e isso contaminou o convívio em todas as esferas. Famílias se dividiram, amizades foram estremecidas, cisões e cizânias em ambientes em que, até então, não se enfrentara fenômeno tal. Ao menos, com tamanha intensidade. O fanatismo exibiu-se de forma surreal. Inacreditável a constatação de quantas exteriorizações ele é capaz. Muitas delas, efetivamente patológicas. O envolvimento dos brasileiros na "pátria de chuteiras" arrefeceu um pouco os ânimos. Que bom recuperar o verde-e-amarelo para festejar a Pátria, não para exibir ideologia. Resta administrar as sequelas, que não são poucas, nem insignificantes. A derrota para o Marrocos foi uma decepção esperada. A seleção já não convence como convencia. O saldo foi a bela demonstração do que significa Pelé para o Brasil. O mundo inteiro torceu pela saúde combalida de nosso astro maior. Mas o principal é saber que se inicia um novo ciclo. Queira-se ou não, 2023 pode ser um ano menos sombrio para o Brasil. Verdade que a situação econômica não é aquela relatada pelas "Polianas" da República. Uma nação com trinta e três milhões de famintos não tem motivo para se orgulhar de nada. Mas não é menos verdadeiro que o Brasil detém potencial que, bem cuidado, poderá abrir as portas ao vultoso investimento estrangeiro apto a aplicar recursos preciosos na inadiável política da descarbonização. O Brasil é um celeiro de possibilidades na economia verde. Detém percentual notável de empregos na indústria da venda de créditos de carbono. Se houver desmatamento zero e iniciativas no reflorestamento, mandará recado aos investidores que dispõem de setenta trilhões de dólares, de que seu dinheiro estará seguro e crescerá se vier para o Brasil. Esse espírito precisa contaminar todas as pessoas e todas as esferas de convívio. Não é apenas a questão econômica. Esta deve ser o motivo de impulsão dos que só pensam em cifrão. Mas há coisas mais sérias em jogo. O único grande e real perigo que ronda a humanidade é o aquecimento global. Os maus tratos infligidos ao planeta Terra o tornaram indefeso, incapaz de responder, com seus próprios recursos, às tragédias proporcionadas pelo abuso, pela inclemência, pela ganância, que está mais próxima da ignorância do que a própria rima que as torna irmãs. Duas irmãs muito cruéis e maléficas. Cabe, portanto, invocar o lema inicial do ambientalismo - pensar globalmente, agir localmente. Não há quem não possa contribuir para a recuperação do equilíbrio ecológico. Praticar no âmbito doméstico a logística reversa e a economia circular. Não transformar o mundo numa enorme lata de lixo. Chega de imundície e de irresponsabilidade. Bradar "basta" para a irresponsabilidade e para a omissão dos bons. Utilizar cada espaço de terra para semear, acompanhar a germinação, cuidar de repor, na Pátria desfalcada e violada, a cobertura vegetal que a protegeu durante milhões de anos e que está fadada a desaparecer, se continuar a cruzada do extermínio do verde. A Terra necessita de um trilhão de árvores para voltar a ser o que era antes da grande tragédia dendroclasta. O Brasil precisa de ao menos um bilhão de árvores nativas. Se cada brasileiro plantasse ao menos uma, esse número se reduziria. Mas há quem possa plantar mais. Dez, cem, mil, por que não? Também é o momento de reflexão e de indagar se de fato somos cristãos. Invocamos a nossa condição de integrantes de uma civilização formada à luz dos ensinamentos do Cristo. Aquele que procurou os excluídos, os desprezados, os pecadores, as vítimas do preconceito. Alguém que pregou o amor como o maior mandamento. E que não se empolgou com os detentores do vão e efêmero poder terreno. O que estamos fazendo para reduzir as desigualdades? Qual a nossa contribuição para a construção do "Reino de Amor" prometido há mais de dois mil anos? É um bom exercício espiritual para todos nós. Principalmente quando se verifica o sentido de cada primeiro de janeiro de todos os anos: Confraternização universal, Dia universal da paz, Dia universal da fraternidade. Para o brasileiro, uma categoria jurídica. Motivo a mais para vivenciá-la. Com esse espírito desarmado, acordemos animados e entusiastas. Feliz 2023 para todos! Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão/Opinião Em 05 01 2023 voltar |
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