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Acadêmico: José Renato Nalini Quem nasceu entre 1996 e 2010 integra a chamada geração "Z". quem faz parte dela é um "zoomer". É um nativo digital.
O zoomer criativo Quem nasceu entre 1996 e 2010 integra a chamada geração "Z". quem faz parte dela é um "zoomer". É um nativo digital. Não experimentou a realidade analógica. Tem desenvoltura para trabalhar com as bugigangas eletrônicas que servem para tudo. Há celulares que são até telefones. Mas agregam outras funções como relógio, despertador, rádio, TV, cartão de visita, cartão de débito e de crédito, indicador de roteiros, de localização, máquina de calcular e muitas utilidades mais. Seu uso impregnou a rotina dessa juventude que não sabe viver sem a internet. Há o lado preocupante: problemas de visão, comprometimento da postura, desvio da coluna cervical, sem falar nos aspectos psicológicos. A profissão de terapeuta, fisiatra, psicólogo, psicanalista e psiquiatra é uma que está em alta e não será substituída tão cedo pela Inteligência Artificial. Mas há os aspectos positivos. A educação tradicional estacionou no medievo. Não prepara o educando para os desafios postos pela Quarta Revolução Industrial. É tão desinteressante que no Ensino Médio a evasão é fenômeno recorrente e que não tem merecido adequado tratamento. Cresce a geração "nem-nem-nem": nem estuda, nem trabalha e não está nem aí... Ora, os usuários dos mobiles têm contato com tudo o que acontece no mundo. Sabem que os estrangeiros encontraram nos softwares, nos aplicativos, no uso híbrido de diversas tecnologias, ocupação prazerosa e lucrativa. Por isso devem ser incentivados a tornar seus hobbies em profissão. O Brasil, com sua criatividade já demonstrada na música, na arquitetura, na propaganda, nas artes plásticas, tem de oferecer ao mundo cineastas, fotógrafos, ilustradores, musicistas, escritores, dramaturgos, animadores de encontros, guias turísticos, contadores de estórias, uma infinidade de ocupações que substituirão profissões a caminho da extinção. É preciso deixar que a criatividade e a engenhosidade infanto-juvenil desabrochem, sem adestrar criança e adolescente a decorar informações que podem ser obtidas online, de imediato, mais atualizadas, coloridas, musicais e sedutoras do que a insossa preleção de quem estacionou e repete apostilas há muito ultrapassadas. Simultaneamente, há de se valorizar o professor, mergulhado na sensação de impotência diante da realidade virtual. O professor tem razão em se sentir desprestigiado, desprezado e até agredido - moral e fisicamente - pois está no cerne da crise que acometeu os "Ps": Pais, Padres, Pastores, Professores. Todos decaíram axiologicamente nos últimos tempos. É o declínio dos valores, causa e consequência de algo mais sério que corrói a convivência contemporânea. De parte dos docentes, é oportuno se aproveitem das oportunidades para assimilar a nova era. Hoje as gerações adoram a inovação, querem fazer parte das mudanças em curso. Embora convivam simultaneamente em dois mundos - online e offline - percebem que tal separação passa a inexistir. Há muitos recursos disponíveis para uma imersão na realidade irreversível da profunda mutação derivada dos avanços científicos e tecnológicos. O Freestyle, por exemplo, um projetor portátil que amplia imagens em até cem polegadas e com caixa de som. Pode transitar por todas as dependências e ser usado externamente, servindo para encontros de agregação da juventude, tão necessitada de convívio social além do virtual. Também já existe o Skillshare, uma plataforma de educação que ajuda a desenvolver aulas criativas pela internet. Cursos de desenho e fotografia com celular, que ajudam a criar games. A gamificação é grande aliada no processo educativo. Todas as gigantes das comunicações estão interessadas em detectar as tendências que levarão os zoomers a serem os protagonistas principais da produção e do consumo, pois vive-se um capitalismo sui generis. Eles hoje são "a bola da vez", pois encontram-se entre os millenials, nascidos entre 1980 e 1995 e os Alpha, que é a dos nascidos a partir de 2010. Estamos vivenciando um tempo de incríveis mudanças e nem sempre nos damos conta de que o futuro chegou e nos alcançou. O mais difícil é adaptar a mente às novidades, com as quais nos acostumamos imperceptivelmente. Basta lembrar como eram nossos dias há algumas décadas. É imaginável voltar à época das ligações telefônicas que eram solicitadas à telefonista e podiam demorar horas? Ou das filas nos bancos? Ou no pagamento só em papel-moeda? Se merecermos a dádiva de continuar a existir ainda um pouco mais, ainda veremos coisas que vão deixar a ficção científica envergonhada. E navegaremos, galhardamente, por aquilo que a inteligência humana ainda nos oferecerá. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão/Opinião Em 03 01 2023 voltar |
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