Compartilhe
Tamanho da fonte


MUITO BEM-VINDO, 2023!
Acadêmico: José Renato Nalini
Muito bem-vindo, 2023, para os brasileiros confiantes nos destinos de sua Pátria!

Muito bem-vindo, 2023!

Eis que chega um novo ano. Para quem está vivo, um pouco de gratidão não fará mal. Agradecer pelo dom da vida. Dádiva gratuita, para a qual, pessoalmente, em nada contribuímos. Muito fazemos ao conservá-la e a valorizá-la. Isso não impede sejamos tangidos pelas vicissitudes, pelos desastres, por tudo aquilo que incide sobre a condição humana.

O homem põe, Deus dispõe! Dizem, com a sapiência secularmente adquirida, os antigos. Parece que planejar provoca o Criador. Ele ri e desmancha as vãs pretensões do bicho orgulhoso e arrogante que é o homem.

Mas 2023 vem cercado de uma aura especial. É o ano em que todos têm uma lição de casa para fazer: pacificar a sociedade brasileira. Não é possível que irmãos deixem de se falar, amigos de se cumprimentar, todos fanatizados pela ideologia fundamentalista que, assim como a pandemia, contaminou a maioria dos habitantes desta Terra de Santa Cruz.

Mais importante do que se definir por um lado ou por outro, é enfrentar - corajosamente - as grandes questões nacionais. Inegável que o Brasil possui mais de trinta e três milhões de famintos. Cerca de cento e vinte milhões de seres humanos com insegurança alimentar. A maior parte da população ainda sem saneamento básico, sem água potável, sem moradia, quase sem o ambiente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida.

É urgente cessar de imediato o desmatamento. Punir os infratores, fazendo incidir sobre eles não mais do que a força da lei, expressão da vontade geral. É preciso que todas as autoridades desta República leiam, todos os dias, o artigo 225 da Constituição da República, o dispositivo que foi considerado o mais belo já produzido por uma ordem fundante no século XX. Tão elogiado e tão descumprido na terra em que foi elaborado.

Essencial o reflorestamento das áreas ociosas e condenadas à desertificação, pela extração insana da cobertura vegetal, sem qualquer reposição. Para isso, é mister encarar de frente e com destemor a catástrofe da educação formal.

Educar tem ao menos três objetivos, todos eles imprescindíveis para que se atinjam os objetivos desse processo de formação integral do ser humano. O primeiro é explorar as potencialidades do educando, de maneira a fazer com que ele atinja a plenitude de suas capacidades. Não há limite ou termo final para a aprendizagem, missão de toda uma existência. O segundo é qualificar para o trabalho. O constituinte foi sábio ao escolher o verbete "trabalho" em lugar de emprego, ao redigir o artigo 205 da Constituição Cidadã. Porque emprego está desaparecendo. Mas trabalho é necessário para a completa realização dos humanos, além de responder por seu sustento.

O terceiro, assim como os dois primeiros negligenciado no Brasil da mediocridade, é capacitar o indivíduo para o exercício da cidadania. Ou seja: saber o que é essa condição de ter direito aos direitos, de saber quais são os seus direitos e também os seus deveres e obrigações.

Uma escola que prioriza a capacidade mnemônica, a adestrar os alunos para que decorem informações às vezes ultrapassada, está em descompasso com a realidade. Pois o mundo mudou. Os dados estão disponíveis nas redes e nas nuvens. Qualquer mobile propicia ao seu usuário acessar informes atualizados, coloridos, sonoros, sedutores, mediante um singelo "clique" e de forma espontânea.

A educação teria de se servir desse manancial inesgotável de conhecimento, utilizar-se da curiosidade e das tendências e do temperamento dos alunos, para fazê-los especialistas nas áreas que vierem a escolher. Sabendo-se que essas áreas podem mudar no decorrer da caminhada. É o inesperado a atuar, deixando surpresos apenas aqueles que não se acostumaram com esta era de dinamismo e profunda mutação estrutural em todas as áreas.

É a educação de qualidade que vai resolver - ou pelo menos reduzir a influência - dos fatores que condenam os brasileiros a viver numa realidade muito distanciada dos padrões do Primeiro Mundo e, principalmente, do paradigma civilizatório que outras Nações já conquistaram e consolidaram.

Essa a esperança que deve unir os brasileiros de boa-fé, de boa-vontade, de bons sentimentos e melhores princípios. Deixar o complexo de vira-lata, investir no aprimoramento do convívio, fazer algo, por diminuto que seja, que legitime e justifique a sua vinda para este Planeta, onde passará algumas décadas, não mais. Todos temos a obrigação de concluir, baseados na realidade, de que o mundo é um pouquinho melhor porque estamos nele. Sem isso, de nada vale comemorar réveillon, dar boas-festas ou desejar feliz ano novo! Muito bem-vindo, 2023, para os brasileiros confiantes nos destinos de sua Pátria!

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão/Opinião
em 02 01 2023



voltar




 
Largo do Arouche, 312 / 324 • CEP: 01219-000 • São Paulo • SP • Brasil • Telefone: 11 3331-7222 / 3331-7401 / 3331-1562.
Imagem de um cadeado  Política de privacidade.