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Acadêmico: José Renato Nalini Excelente iniciativa foi a implantação da ILUM Escola de Ciência, criada pelo CNPEM-Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, para formar pesquisadores.
Exemplo a ser seguido Não é novidade que a educação convencional é falha. Insiste em fazer criança e jovem decorar informações e descuida de investir nas competências socioemocionais. O resultado é que existe uma legião de jovens nem-nem-nem: nem estuda, nem trabalha e não está nem aí! Têm consciência de que o diploma não abrirá as portas para o trabalho digno e de remuneração suficiente para garantir os bens da vida propalados pela sociedade consumista em que vivem. Atentos a essa triste realidade, setores que realmente se interessam pelo futuro do Brasil procuram formar seus próprios quadros. Surgem as Universidades Corporativas, interessadas em preparar funcionários para funções especializadas. Suprem o mercado e atendem à demanda interna. Só que elas ainda são poucas. É necessário ganhar escala. Excelente iniciativa foi a implantação da ILUM Escola de Ciência, criada pelo CNPEM-Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, para formar pesquisadores. A Escola ofereceu curso gratuito de bacharelado em ciência e tecnologia e subsídios para moradia e alimentação. São quarenta vagas, das quais vinte destinadas a egressos da escola pública. Tal centro de formação de pesquisadores surgiu da necessidade de contar com cientistas adaptados à interdisciplinaridade. O biólogo Adalberto Fazzio, diretor da Escola, diz que os grandes temas de pesquisa são interdisciplinares e alunos de cursos tradicionais de física, química e biologia só estudam de forma compartimentada, insuficiente para o enfrentamento dos grandes desafios postos pela Quarta Revolução Industrial. O biólogo de hoje precisa também entender de matemática e de processamento de imagem. A Universidade tradicional não se apercebeu disso. Ou, quando se apercebe, demora muito para mudar currículo. Há um fetiche curricular engessador do ensino em todos os níveis. Outra vantagem da ILUM é que, em regra, leva-se de dez a onze anos para completar a formação de um pesquisador. Ele tem de passar pela graduação, pelo mestrado e pelo doutorado. Já na ILUM, por oferecer a seus educandos trabalho com pesquisa desde o início da graduação, após três anos eles já adquiriram maturidade para um doutorado direto. A formação convencional se reduz para sete anos, o que é uma vantagem. Na ILUM, as aulas são em tempo integral, das oito às dezoito horas, com curso de inglês à noite. Desde o primeiro ano, os alunos podem se servir da estrutura do CNPEM, que conta com laboratórios nacionais de biociências, biorrenováveis e nanotecnologia, além do laboratório de luz sincroton. Há muitos projetos já desenvolvidos acessíveis e ao alunado é ofertada a oportunidade de desenvolver suas próprias iniciativas. Foge-se ao esquema da compartimentação ainda vigente em quase todas as universidades. Agrupa-se o conteúdo nas áreas de linguagens matemáticas, ciência de dados, ciência da matéria, ciência da vida e humanidades, tudo interligado em projetos de caráter prático desenhados a partir de problemas atuais. Como apoio ao aluno, a escola dá notebook, paga o aluguel de uma quitinete, oferece vale-alimentação e transporte e apoio psicológico. Se o estudante é de outro Estado da Federação, não puder pagar a passagem aérea ou dispor de recursos para mobiliar o apartamento, a faculdade também subsidia esse custo. Por isso é que, no primeiro ano de funcionamento, a ILUM só teve uma evasão: um aluno brilhante, que foi levado pela Microsoft. É bem possível que projetos similares sejam criados para atender a nichos bem estruturados e que já registram carência de pessoal especializado. Regiões servidas por indústrias high-tech poderiam instalar centros de formação semelhantes, sem a necessidade de preservação do modelo curricular vigente, que já não atende às necessidades do mercado. Municípios que precisam investir em educação deveriam pensar em oferta de cursos de formação profissional para as áreas que necessitem. Um setor que vai necessitar de trabalhadores é o da sustentabilidade, vinculado ao reflorestamento das áreas dizimadas pela dendroclastia sem alma. O Brasil precisa, com urgência, de agricultores silvestres, de plantadores de mudas, de administradores de viveiros, de cultivadores de espécies nativas e exóticas, de jardineiros e cuidadores do verde. Essa gama de atividades profissionais não será substituída pela inteligência artificial. E o país necessita dela para recuperar o papel de nação promissora em ecologia, a atrair vultosos investimentos internacionais, sem os quais não se recuperará nossa combalida economia. Não é impossível, ao contrário. É só querer! Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão Em 20 12 2022 voltar |
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