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FRANCISCO MARINS (1922-2022)
Acadêmico: José Renato Nalini
Devotado à sua terra adotiva, Botucatu, em 1984 fundou o "Convivium", espaço cultural que abriga a Academia Botucatuense de Letras e o Grupo Convivência.

Francisco Marins (1922-2022)

Descendente de tropeiros que depois se dedicaram à cafeicultura, Francisco Marins nasceu em Pratânia, em 23 de novembro de 1922. Formou-se em 1946 pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e, durante o bacharelado, foi diretor da Revista "Arcádia" e presidiu a Academia de Letras das Arcadas.

Foram contemporâneos seus, intelectuais que depois também integraram a Academia Paulista de Letras, tais como Lygia Fagundes Telles, Israel Dias Novaes, Leonardo Arroyo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Rubens Teixeira Scavone, Célio Salomão Debes, Paulo Bomfim e José Altino Machado. Presidiu a Academia Paulista de Letras por dois mandatos e durante quase vinte anos dirigiu a Revista da APL, assim como publicou vasta coleção de obras. Amante do vernáculo, representou o Brasil em Portugal em inúmeros colóquios sobre a reforma ortográfica da língua portuguesa. Integrou comissão presidida por Antonio Houaiss para o aprimoramento vocabular e colaborou com a elaboração do Dicionário Houaiss de língua portuguesa.

Dirigiu a equipe que editou o Novo Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Melhoramentos. Foi um dos fundadores da Câmara Brasileira do Livro, que também presidiu. Atuou em todos os movimentos para a divulgação da leitura, publicação de mais livros, esteve à frente da ideia das Bienais do Livro, hoje com projeção internacional. Criou bibliotecas e integrou o Conselho Estadual de Cultura e da Fundação Padre Anchieta.

Devotado à sua terra adotiva, Botucatu, em 1984 fundou o "Convivium", espaço cultural que abriga a Academia Botucatuense de Letras e o Grupo Convivência. Ali manteve e alimentou uma consistente biblioteca destinada à pesquisa sobre a história da região. Também criou o Clubinho "Taquara-Póca" no Vale do Sol, um condomínio onde passou a residir e onde manteve enorme biblioteca, além de coleção de objetos típicos ao interior paulista. Estimulou a disseminação da ecologia, fazendo com que infância e juventude adquirissem consciência ambiental e fossem defensores do ecossistema.

Eficiente divulgador do folclore nacional, foi o maior responsável pela divulgação, em todo o Brasil, do mito do Curupira. Vivenciou, com vigor, entusiasmo e dinamismo, suas crenças na literatura, na cultura genuinamente brasileira e paulista, na certeza de que a educação é a única chave capaz de mudar a realidade brasileira e solucionar toda espécie de problemas tupiniquins. Mas é conhecido no Brasil e no exterior por sua prolífica produção literária. Escreveu uma série infanto-juvenil que denominou "Taquara-Póca" e outra denominada "Roteiro dos Martírios". Escreveu os romances "Saga do Café" e "O Homem e a Terra". Suas obras foram traduzidas para mais de quinze idiomas. A tiragem global das obras que publicou ultrapassa três milhões de exemplares.

Na Europa, o livro "The Mistery of the Gold Mines" foi um bestseller na Hungria e o autor incluído na "Coleção Delfin", que reúne os clássicos da literatura juvenil de todo o planeta.

Foi diretor da Melhoramentos, por onde publicou "Nas terras do rei café", "Os segredos de Taquara-póca", "O coleira preta", "Gafanhotos em Taquara-póca", "Viagem ao mundo desconhecido", "Território de Bravos", "A aldeia sagrada", "Expedição aos martírios", "Volta à serra misteriosa", "O bugre do chapéu de anta" e "O favo de mel". Pela Ática publicou "O mistério dos morros dourados", "A montanha das duas cabeças", "Em busca do diamante", "A guerra de Canudos", "Clarão na Serra", "Grotão do Café amarelo", "A porteira bateu", "Atalho sem fim".

Desde 14 de outubro de 1965 passou a ser membro da Academia Paulista de Letras, tomando posse em 25 de março de 1966, recepcionado por Lourenço Filho. Muito atuante na vida acadêmica, foi quem saudou, com discursos de recepção, os acadêmicos Hernâni Donato, Ibiapaba Martins, Celio Debes e Paulo José da Costa Júnior. Participava com frequência das Feiras Literárias de Frankfurt e em Londres, na Cambridge University, apresentou texto-programa para a Cadeira de Literatura Portuguesa naquela tradicional Universidade.

Recebeu inúmeros prêmios literários, realizou palestras no Brasil e no exterior e era uma pessoa extremamente afável, pronta a conversar com crianças e jovens, faixa para a qual dedicou a maior parcela de sua gigantesca produção escrita.

Faleceu em 10 de abril de 2016 e seu centenário, hoje celebrado, foi comemorado no dia 10 de novembro, em sessão especial da Academia Paulista de Letras, onde seu retrato a óleo permanecerá, como preito de homenagem e modelo inspirador para as gerações vindouras.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão/Opinião
Em 23 11 2022



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