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TURBINAR A ROTA GASTRONÔMICA
Acadêmico: José Renato Nalini
É obrigação do governo local encontrar possibilidades de subsistência digna para uma juventude que precisa fazer aquilo que é possível e necessário.

Turbinar a rota gastronômica

Jundiaí sempre foi considerada uma cidade onde se come bem. Quando criança, ouvia que todos os paulistanos em viagem para o interior paravam aqui, para experimentar os doces alemães de "A Paulicéia", comandada pelos irmãos Arthur, Otto e Oswaldo Willy Fehr. Também foi famosa a "Chácara das Carpas", de Giandomenico Buccianti, ponto de encontro de jundiaienses e visitantes.

O "Haiti", de Piero Schiavi, foi considerado um dos melhores restaurantes italianos do Estado. Isso no passado. No presente, a tradição continua. O Spiandorello, por exemplo, está repleto nos fins de semana.

Mas é preciso turbinar essa rota gastronômica. Com aquilo que atrai nichos específicos, que gostam de redescobrir velhos costumes. A sociedade hoje é muito complexa: há espaço para tudo. E os tempos exigem coragem, criatividade e empreendedorismo, pois falta oportunidade de trabalho para uma juventude que não teve uma educação de qualidade.

Jundiaí tem tudo para investir num turismo rural e gastronômico diferenciado. Muita gente gostaria de encontrar novamente aquelas compotas que as avós e mães antigas faziam: de laranja, de figo, de mamão, de pera. Os doces que as famílias preparavam para as festinhas de aniversário: "olho de sogra", "beijinhos", cocadas, os canudinhos com doce de coco e ovos, os "cajuzinhos" de amendoim, as paçoquinhas, tudo o que surgiu antes do brigadeiro.

Por que não resgatar aquelas cozinhas com fogão a lenha, os tachos de cobre onde são feitos o doce de abóbora com coco, as bananadas, as goiabadas, as pessegadas? Que infinidade de geleias a produção frutícola de Jundiaí não fornece? A geleia de uva, para passar no pão "feito em casa", as de morango, pêssego, laranja, lichia, goiaba, pitanga e quantas mais?

Quantos iogurtes, queijos, doces de leite não podem ser produzidos em escala caseira, tornando as receitas familiares um valor agregado que o mercado tanto aprecia e de que não dispõe na quantidade apta a atender à demanda?

A gastronomia é ferramenta para alavancar o turismo. É assim em todo o mundo e Jundiaí tem as condições ideais para propiciar tudo isso a mais de vinte milhões de paulistas que querem deixar a insensata conurbação da capital e adjacências e passar um fim de semana agradável.

É preciso apenas conscientizar toda a cidadania, não apenas aqueles que passarão a explorar esse novo filão. Uma coordenação da Prefeitura poderia incentivar os proprietários de imóveis nas regiões propícias a não enfeiarem suas casas e terrenos. A Europa sabe se valer desse tipo de empreendimento com grande êxito. Tudo é jardim, tudo é harmônico, não há agressões como grandes muralhas, cercas caindo, matagal sem cuidados. Todos ganhariam se Jundiaí tivesse um tratamento paisagístico de acordo com a estética tão a gosto da juventude mais sensível e daqueles que já não conseguem conviver com a agressividade visual de uma periferia cor de cinza.

Uma cidade com tantos bons arquitetos e paisagistas poderia colaborar com isso. Mas é preciso que a Prefeitura estimule. É obrigação do governo local encontrar possibilidades de subsistência digna para uma juventude que precisa fazer aquilo que é possível e necessário. São os serviços que salvarão as novas gerações, eis que a industrialização sucateada não consegue acertar o passo com as modernas tecnologias e os empregos que gera são insuficientes para a grande massa desprovida de qualificação. O trabalho no turismo rural é gratificante. Quem o leva a sério pode testemunhá-lo.


Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião
Em 27 10 2022



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