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METAVERSO, PARA ALGUNS
Acadêmico: José Renato Nalini
Educação é o único remédio para fazer com que o Brasil seja uma nação viável.

Metaverso, para alguns

A tecnologia é milagrosa, mas tem o efeito de aprofundar o fosso entre incluídos e excluídos. Um dos atestados de que isso é verdade está no desenvolvimento da educação mediante a implementação do metaverso.

Esse espaço de realidade virtual existe desde a década de 1980, mas agora ganhou inusitada repercussão, depois do anúncio de Mark Zuckerberg, o proprietário do Facebook, do WhastsApp e do Instagram, de que sua holding empresarial se chama agora Meta.

O metaverso permite que se faça reuniões, se visite qualquer lugar, como biblioteca, museu, exposições, não fisicamente, mas com o avatar que faz o seu papel. Diz-se que já é possível escolher e experimentar uma roupa, verificar se fica bem no corpo, se a cor combina com a cútis, ler um livro e assistir a teatros, shows e todo tipo de atividade que requereria presença pessoal, agora possível de se realizar à distância.

Já existem salas de aula adaptadas para esse novo recurso. João Ker já dizia no Estadão em 5 de junho, que a primeira foi lançada pela FIA-Business School. Os professores têm de usar óculos de realidade virtual para ensinar e os alunos também. Só que os que ainda não possuem esse novo objeto de consumo de luxo, podem participar entrando para o espaço online por meio de videochamada.

Deve ser excitante para um jovem, estar em sua cama e conversar com os colegas, movimentando-se no ambiente virtual, batendo palmas, exprimindo-se com gestos como bater palmas, por exemplo. Tudo sem sair do lugar.

O problema é que ainda não há curso de formação de professores especializados em metaverso. O docente precisa não só conhecer e dominar a disciplina, mas ficar atento aos avatares, para verificar se o educando de fato está assimilando o conteúdo da aula. Há muitos recursos tecnológicos, uma verdadeira revolução.

O Brasil, que ainda não conseguiu conectar todas as escolas, está mais atrasado do que países como China, Estados Unidos, México e União Europeia. O grande atrativo para quem explora o negócio educação, é que não há limite para o número de alunos, nem a preocupação com sua presença. Ele pode estar em qualquer lugar do planeta e acompanhar o curso.

A primeira Universidade Pública brasileira a adentrar a esse universo foi a USP. Celebrou um acordo de cooperação com a Rádio Caca – RACA, da qual obteve o primeiro NFT – token não fungível. Tudo o que é potencialmente possível de ser explorado na realidade virtual é suscetível de vir a ser conhecido e transmitido aos professores.

O que significa o primeiro NFT para a prestigiada Universidade de São Paulo? Representa o acesso a um “pedaço de terra rara” no Metaverso desenvolvido pela USM – United States of Mars, verdadeira “nação” online criada pela RACA.

É como se a USP houvesse adquirido um novo campus. Nele, ela poderá edificar espaços de interação. Para isso, precisa desenvolver quadros funcionais capazes de atuar numa área nova, ainda pouco acessível, produzir módulos e obter verba.

Há cérebros competentes na Universidade de São Paulo, sobretudo no Instituto de Física e na Escola Politécnica, onde existe um curso de engenharia da computação. Todavia, outros profissionais também são convidados a participar desse projeto. Pense-se no que mudará em relação à educação, tão defasada no Brasil, a priorizar a capacidade de memorização dos educandos, negligenciando suas competências socioemocionais, muito mais importantes do que saber decorar dados e informações. Por isso, os estudos do Metaverso devem ocupar também a preocupação da Faculdade de Educação e de Pedagogia.

Também é preciso recrutar a psiquiatria, a psicologia, a educação física, a matemática, a biologia, a antropologia. Enfim, ninguém pode estar ausente desse novo desafio. Para isso, o Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, Ibmec, já criou um Curso de Master em Digital Manager e Metaverso, com um ano de duração.

Que isso não arrefeça o trabalho que deve ser desenvolvido para alfabetizar crianças no tempo certo e também para corrigir as falhas de alfabetização integral daqueles que vão se converter depois em analfabetos funcionais. Educação é o único remédio para fazer com que o Brasil seja uma nação viável. E é isso o que todos queremos.


Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão
Em 17 10 2022



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