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PERIPÉCIAS DO MARQUÊS DE JUNDIAÍ
Acadêmico: José Renato Nalini
Alguém possui notícia de seu paradeiro e de sua vida aqui no Brasil?

Peripécias do Marquês de Jundiaí

Desde criança, ensinaram-me que Jundiaí teve Barão e Baronesa, da família Queiroz Telles, e também Condes e Viscondes do Parnaíba. Não me disseram que houve um "Marquês de Jundiaí", antes Visconde do Rio Seco, autor da obra "Exposição analítica e justificativa da conduta, desde o dia 25 de novembro, em que S.M.F. o incumbiu dos arranjamentos necessários da sua retirada para o Rio de Janeiro, até o dia 15 de setembro de 1821". Esse relato foi publicado no Rio de Janeiro em 1921 e é mencionado no interessante livro "Diário de uma viagem ao Brasil", escrito pela britânica Maria Graham.

Ela esteve no Brasil entre 1821 e 1823, era a preceptora encarregada de educar a futura Rainha de Portugal, filha de nosso Imperador Pedro I. começa a sua narrativa com um bem elaborado "Esboço" de uma História do Brasil e se detém na fuga da família real para o Brasil, querendo livrar-se das garras napoleônicas.

Se Dom João VI tivesse preferido manter-se em Portugal, a nação seria convertida em província francesa. Pressionado pela França, Portugal consentiu em adquirir falaciosa neutralidade, pelo preço de um milhão de libras por mês, além de garantir a livre entrada no reino dos tecidos franceses. Os soldados do Exército francês transitavam livremente pelo território português, pois Portugal estava atento à costa, a temer que a invasão viria por mar.

Ousadamente, a Coroa portuguesa fechou seus portos para o comércio inglês, por proclamação de 20/10/1807, pois a ameaça francesa estava muito próxima. O Conde da Barca, primeiro ministro da Rainha D. Maria, foi a Paris e conversou com Talleyrand e também com Napoleão. Foi ludibriado por ambos, muito espertos. Foi vencido pela vaidade, embora haja quem o considere traidor.

Enquanto isso, Junot já estava prestes a chegar a Lisboa e os jornais de Paris anunciavam: "A Casa de Bragança cessou de reinar". Seus membros estavam agora relegados ao rebanho geral dos ex-príncipes, desmerecendo qualquer complacência e sem perspectiva promissora para o futuro.

Foi então que o Príncipe chamou seus criados de confiança e ordenou preparassem tudo em segredo, para o embarque da Corte duas noites depois. Foi a correria de se arranjar provisões, prataria, livros, joias, tudo o que se pudesse transportar para a esquadra. Foi um embarque atabalhoado, cujo preparativo bizarro foi narrado com todas as minúcias pelo futuro Marquês de Jundiaí.

Foi inteligente a opção de D. João VI. Ao embarcar para o Brasil, conservou em seu poder a maior e mais rica porção de seus domínios e garantiu a liberdade pessoal e a segurança de sua família.

Sob a proteção de navios ingleses, a comitiva real chegou à Bahia em 21 de janeiro de 1808. O Conde da Ponte, governador da Bahia, ofereceu jantares todas as noites à Família Real e seus acólitos. Tanto assim, que o Príncipe ali permaneceu durante um mês. Só que, por exigência da segurança, Salvador não era o porto ideal. O Rio de Janeiro não permitia que navios adentrassem à baia de Guanabara sem se expusessem ao fogo das fortalezas. Assim, aos 26 de fevereiro Sua Alteza Real sai da Bahia e chega ao Rio de Janeiro aos 7 de março. Enquanto isso, o comandante Junot ocupava Portugal e fixou o seu quartel general em Lisboa.

O Marquês de Jundiaí, que fizera toda a parte mais trabalhosa, de trasladar Lisboa para o Rio, desaparece do mapa. Alguém possui notícia de seu paradeiro e de sua vida aqui no Brasil?

Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião
Em 16 10 2022



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