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Acadêmico: José Renato Nalini Hernâni Donato é uma presença viva na história da literatura brasileira e paulista e uma ausência muito sentida na Academia Paulista de Letras.
Centenário de Hernâni Donato Em 12 de outubro de 1922 nascia em Botucatu Hernâni Donato, que se tornaria um respeitado intelectual. Estudou na Escola de Sociologia e Política e fez também curso de dramaturgia. Escritor prolífico, foi eleito em 26 de fevereiro de 1972 para a Cadeira 20 da Academia Paulista de Letras e tomou posse em 24 de maio do mesmo ano, sendo recepcionado por Francisco Marins. Na APL, foi Secretário-Geral e responsável pela Comissão de Publicações. Era inquieto perscrutador dos labirintos da História brasileira, biógrafo requisitado e romancista que fez sucesso com seus livros. Escreveu os romances “Filhos do Destino”, “Chão Bruto”, “Selva Trágica”, “Núpcias com a morte”, “O Rio do Tempo”, “O caçador de esmeraldas”. Alguns deles foram transformados em filmes, como “Chão Bruto”, por duas vezes, “Selva Trágica” e “O Caçador de Esmeraldas”. Exímio elaborador de contos, o “Livro das Tradições” e “Contos muito humanos” foram sucesso quando do lançamento e “Babel” recebeu o Prêmio da Academia Brasileira de Letras. Também era interessado em produzir obras para crianças e jovens: “Histórias da Floresta”, “Novas Aventuras de Pedro Malasartes”, que rendeu dezenas de edições, “Histórias dos meninos índios”, “Apuros do macaco Pium”, “Façanhas do João Sabido”, “Proezas e vitórias do menino Caná”. Para a adolescência, escreveu “A palavra escrita e sua história”, “A maravilhosa história do presépio de Natal”, “A maravilhosa história dos presentes de Natal”, “A história do calendário”, “A longa história dos transportes”. No campo das biografias, esmerou-se em relação à vida de José de Alencar, Vicente de Carvalho, Casimiro de Abreu, Raposo Tavares, Vital Brasil, Schliemann, o descobridor de Tróia, Galileu Galilei, Dante Maccari, dentre outras. Seus livros de história foram adotados por redes públicas e por escolas particulares de todo o Brasil: “Achegas para a História de Botucatu”, “A Revolução de 1932”, “Dicionário das Batalhas Brasileiras”, “100 anos da Melhoramentos”, “Breve História do Brasil”, “Colégio Porto Seguro – Ponte entre duas culturas”, “Os índios do Brasil”, “Sumé e Peabiru, dois mistérios do século do descobrimento”, e a prestigiada série “O cotidiano brasileiro”, a contemplar os séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. Seus livros foram publicados em guarani, espanhol, italiano, japonês, polonês, tcheco e romeno. Recebeu inúmeros prêmios, inclusive o “Afonso Arinos 1977” e o “Joaquim Nabuco 1988”, ambos concedidos pela Academia Brasileira de Letras. O jornal “O Estado de São Paulo” entregou o troféu “Saci”, pelo roteiro para o filme “Chão Bruto”, que também mereceu o Prêmio “Governador do Estado”. Foi premiado pela Câmara Municipal e pela Prefeitura Municipal de São Paulo, pelos diálogos do filme “Se a cidade contasse” e recebeu o prêmio especial da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, pelo “Dicionário das Batalhas Brasileiras”. Hernâni Donato era um entusiasta das coisas do Brasil e de São Paulo. Atuou na Melhoramentos, onde impulsionou a publicação de obras de relevo e estava sempre a postos para atender convites de escolas, Universidades e entidades interessadas na divulgação dos assuntos históricos. Sobre sua produção literária existe volumosa crítica encomiástica. Menotti Del Picchia escreveu: “Chão Bruto” parece-me ser a maior criação novelística que a inteligência de São Paulo deu até agora ao Brasil. Hernâni, na graça artística do seu estilo, mas sobretudo na transcendência social dos episódios, mostra como se pode fazer realmente uma obra de arte. Que alegria em poder saudar em Hernâni Donato, um dos maiores romancistas que possui hoje o Brasil”. O crítico Wilson Martins asseverou: “Se Hernâni tem alguma coisa de José de Alencar (em particular, o José de Alencar indianista), não deixa de ser quanto à sua força romanesca, ao talento no movimentar as massas unanimistas, qualquer coisa como um Zola sem a obsessão do “naturalismo”. E Fernando Góes, no “Correio Paulistano”, observou: “Selva Trágica” é dominado por uma estrutura orquestral sinfônica. Hernâni sabe misturar ternura e violência, ódio e paixão, sexo e pureza e se juntar a isso o grande poder de efabulação que ele tem, é fácil imaginar o esplêndido livro com que enriqueceu a sua série de romances”. Acima de tudo, Hernâni Donato era leal amigo e companheiro, um esposo atencioso, um pai exemplar. Faleceu em 22 de novembro de 2012, há quase dez anos, portanto. Hoje, 12 de outubro de 2022, completaria um centenário. É uma presença viva na história da literatura brasileira e paulista e uma ausência muito sentida na Academia Paulista de Letras. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão Em 12 10 2022 voltar |
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