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Acadêmico: José Renato Nalini É urgente que haja menos emoção e mais razão na escolha dos nossos representantes.
Razão: iluminai-nos! Hoje, 2 de outubro de 2022, é uma data de singularíssima importância. É-nos conferido eleger os futuros Presidente da República e Governador do Estado, um Senador paulista, deputados federais e estaduais. Imensa a responsabilidade deste sufrágio. Estes últimos quatro anos foram verdadeiramente insólitos. Tivemos a pandemia, que vitimou quase um milhão de brasileiros. Dizem até que o número foi maior, mas somos ainda amadores no engenho estatístico. Nossos biomas foram devastados. Passamos de promissora potência verde à condição de "Pária Ambiental". E houve quem, remunerado pelo povo, se confessasse orgulhoso disso. Consta que trinta e três milhões de brasileiros não têm o que comer. O dobro desse número não pode contar com duas refeições básicas por dia. O triplo desse universo está sofrendo de insegurança alimentar. Quantos milhões são os que não têm escola, nem moradia, nem saúde, nem emprego, nem transporte, nem saneamento básico, nem a menor expectativa de um futuro melhor? Enquanto isso, o Parlamento Federal capricha em "orçamento secreto", algo inadmissível num Estado de direito, onde a regra básica é a mais escancarada transparência. Preocupa-se com injetar recursos nos funestos "Fundões", o eleitoral e o partidário, que alcançaram mais de seis bilhões, enquanto a fila da miséria só aumenta. Como já afirmei na última reflexão aqui externada, a escolha dos parlamentares é até mais importante do que a eleição para os cargos no Executivo. Pois o passado recente mostrou o funcionamento de um verdadeiro "Parlamentarismo tupiniquim", com o Presidente praticamente refém de um grupo coeso de parlamentares mais interessados na perpetuação da política profissional do que em autêntico enfrentamento dos problemas da população. Trinta e quatro anos depois de promulgada a "Constituição Cidadã", a prometida Democracia Participativa está cada vez mais longe. O povo paga uma carga tributária das mais elevadas do planeta. Recebe serviços públicos em regra de péssima qualidade e como se fosse um favor do governo. O brasileiro trabalha mais de cinco meses por ano para pagar impostos. Qual a parcela devolvida pelo governo? Este só aumenta a máquina. O custo do Estado brasileiro - somem-se os três Poderes mais as estruturas criadas para acolher os beneficiados pela política rasteira - cresce e sacrifica o povo. É urgente que haja menos emoção e mais razão na escolha dos nossos representantes. A representação política está muito desprestigiada. Há quem afirme que está falida. Ninguém se sente realmente representado. O representante se apossa do poder como se fosse só dele e se esquece do representado. Este será lembrado às vésperas das eleições. Escolhamos os melhores. Há gente séria na política. Seria interessante dar a chance aos novos. E acompanhar o desenvolvimento de seu trabalho. Cobrar coerência com as promessas. Hoje as redes sociais permitem esse contato diuturno com os governantes. É preciso lembrar a eles que são empregados do povo, não seu patrão. O Brasil precisa de cidadania, não de um corpo amorfo e inerte de súditos. É urgente recordar: a soberania é do povo, não do governante. Este é servo do verdadeiro titular desse poder incontrastável. Façamos valer essa verdade. Utilizemo-nos da razão. E não nos arrependamos nos próximos quatro anos. Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião Em 01 10 2022 voltar |
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