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A HISTÓRIA DEVERIA ENSINAR
Acadêmico: José Renato Nalini
É bastante observar o cálculo de quanto São Paulo entrega à União – tentacular e perdulária – e o quanto recebe de volta.

A história deveria ensinar

Deixar de estudar história e de conhecê-la bem, faz com que sociedades de desenvolvimento tardio, como aquela que ocupa este Brasil, não consiga equacionar problemas suscetíveis de serem resolvidos. Hoje, há uma evidente disparidade entre o Sudeste e as demais regiões do país. É bastante observar o cálculo de quanto São Paulo entrega à União – tentacular e perdulária – e o quanto recebe de volta.

A matriz de sustentação do ciclópico Estado brasileiro é tratada como enteada espúria. Alguns pensadores afirmam que essa desigualdade de tratamento acentuou-se em 1932. A ousadia paulista em pretender dotar o país sob a ditadura de uma Constituição democrática foi algo imperdoável para quem se beneficiava com o regime autoritário.

Ocorre que o Nordeste já passou por situação análoga, à época da Independência. Entre a chegada de D. João VI e da família real ao Brasil, em 1808, e a declaração de 1822, Pernambuco se revoltou em 1817. É que a sua situação mudou bastante após a vinda de D. João VI e da Rainha Louca, Maria I. A florescente sede de uma das únicas capitanias bem-sucedidas deixou de ser o centro do poder. Este foi transferido para o Rio de Janeiro. Só que a parte mais polpuda dos tributos que sustentavam a Corte vinha do Nordeste. Era a situação idêntica à de São Paulo: a região produzia a riqueza, sustentava a Corte, mas não usufruía das benesses.

Os pernambucanos tinham prática na luta. Haviam expulso os holandeses. O movimento deles foi bem-sucedido. Chegaram a instaurar governo próprio, com três poderes. Havia liberdade de imprensa e credo.

Ora, São Paulo não seguiu o exemplo. Continua a remeter à “Corte” – e não se diga que o Brasil já se acostumou com a República, tais os rapapés, pompas e circunstâncias que envolvem a União – o melhor de seus esforços e recebe mísera parcela de seu trabalho.

Mais do que isso, o eleitor paulista vale menos do que aquele dos antigos territórios, ou dos Estados menores que têm representação mínima na Câmara dos Deputados, superior à sua população, enquanto os paulistas são emasculados, com o limite de setenta parlamentares.

Publicado no jornal Diário do Litoral
Em 19 09 2022





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