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Acadêmico: José Renato Nalini o intuito da Revolução de 1932 era exclusivamente fazer o Brasil voltar a ter uma Constituição democrática e sair dos tacões da ditadura.
O que foi 1932 Em 2022 celebramos noventa anos da Revolução Constitucionalista de julho de 1932. Os idosos sabemos o que ela significou. Convivemos com partícipes desse belíssimo gesto paulista de retomada da ordem democrática, em tempos aflitivos de ditadura. Algo que pode sugerir alguma similitude, guardadas as devidas proporções, com o Brasil de nossa época. Para os jovens que não tiveram essas aulas patrióticas, é bom mencionar algumas datas do ano fatídico de 1932, para melhor compreender o que foi essa epopeia, em que milhares de paulistas foram a uma luta desigual. Foi São Paulo sozinho, tendo contra si todo o restante do Brasil. Em 17.2.1932, foi anunciada a formação da Frente única paulista de oposição à Ditadura. Dela faziam parte o PRP-Partido Republicano Paulista, que predominava e o Partido Democrático, de inspiração liberal, com raízes na Revolução de 1924, que também precisa ser revisitada. Em 03.03.1932, foi empossado Pedro de Toledo como Interventor Federal no Estado, última tentativa de contemporização por parte do ditador Getúlio Vargas. Pedro de Toledo era admirado e foi aclamado governador. Em 22.05.1932, chega a São Paulo o Ministro Oswaldo Aranha, para verificar o que havia de concreto quanto à sublevação bandeirante. No dia seguinte, em manifestação popular, morrem os estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, cujas iniciais -MMDC – passaram a ser a alma da revolução. Em 06.07.1932, chega ao Rio, capital federal, o documento assinado pelo General Bertoldo Klinger, contra a nomeação do novo Ministro do Exército. É exonerado e isso precipita a Revolução, que estoura em 09.07.1932. Tropas paulistas ocupam a capital e vão para as frentes de batalha. Em 12.07.1932, Bertoldo Klinger desembarga em São Paulo, sem o contingente de cinco mil homens que prometera. Em 16.07.1932, iniciam-se os combates na região do túnel da Mantiqueira, numa batalha que durou até 12 de setembro. Em 28 de setembro travou-se, em Campinas, a última batalha da Revolução. Em 02.10.1932, é assinada a Convenção Militar, que marca a capitulação paulista. São Paulo foi belicamente derrotada pelas forças federais aliadas. É interessante mencionar as principais personagens da Revolução de 1932, cujo intuito era exclusivamente fazer o Brasil voltar a ter uma Constituição democrática e sair dos tacões da ditadura. General Isidoro Dias Lopes, veterano da Revolução de 1924, era pessoa muito estimada em São Paulo e é considerado o “cérebro” do movimento. O General Euclides de Figueiredo, pai do que viria a ser o Presidente da República João Batista de Oliveira Figueiredo, foi o mais engajado dentre os militares revolucionários. Foi quem comandou as tropas, até à chegada do General Bertoldo Klinger. O General Bertoldo Klinger comprometera-se com o movimento paulista. Mas, irresignado com a nomeação de um ministro do Exército com o qual não simpatizava, entregou o comando de sua tropa no Mato Grosso e chegou a São Paulo quase sozinho. Além disso, foi a causa da eliminação do fator surpresa, considerado fundamental para um movimento armado. O interventor João Alberto Lins, que antecedeu Pedro de Toledo, era persona non grata em São Paulo. Foi instrumento impulsionador da revolta popular. Júlio de Mesquita Filho, da família que fundou A Província de São Paulo, depois o “Estadão”, foi combatente e defensor das aspirações democráticas que os usufrutuários da Revolução de 30 haviam traído. Osvaldo Aranha queria desarticular a sublevação paulista. Veio para inspecionar e percebeu logo que o movimento partiria para a ofensiva armada. O general Góis Monteiro foi o comandante dos ditatoriais, um dos mais polêmicos aliados do Governo de 1930, envolvido em muitas intrigas políticas. O governador Pedro de Toledo, último Interventor antes da Revolução, primeiro quis conciliar as partes envolvidas, mas depois aderiu ao movimento armado. Flores da Cunha, do Rio Grande do Sul, faltou com a palavra empenhada e foi uma das causas diretas da derrota paulista. É até difícil destacar personalidades que atuaram na Revolução, pois toda São Paulo se congregou em fervorosa coesão, com o propósito de extinguir o autoritarismo no Brasil inteiro. Não era apenas o nosso Estado que estava na mira dos revolucionários. Mas Menotti Del Picchia, que escreveu o livro “A Revolução Paulista”, salienta o papel relevante de Ibrahim Nobre, o “Tribuno da Revolução”, Francisco Morato, Antonio de Pádua Salles, Ataliba Leonel, Altino Arantes e Roberto Simonsen. Neste nonagésimo aniversário da Revolução de Julho de 1932, seria muito importante que os jovens paulistas soubessem o que foi a Revolução Constitucionalista e o que o Brasil colheu dela. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão Em 03 de setembro de 2022 voltar |
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