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Acadêmico: José Renato Nalini Três ações para garantir o sucesso na nova era: 1. aprendizagem contínua (lifelong learning); 2. Marca pessoal; 3. Soft skills.
O tríplice desafio Em recente palestra, no instigante G-100 de Rodrigo Romero, Borja Alencar se dispôs a abordar a nova era, seus valores e a profunda mutação das estruturas sociais, principalmente no mundo do trabalho. Os jovens acreditam que merecem ganhar bem, quando se esforçaram e obtiveram diplomas. Isso é um velho e superado paradigma. O foco era egocêntrico, enfático no “eu”: eu estudei, eu me esforcei, eu mereço. Hoje, você precisa indagar: qual o meu valor? O que vou agregar para a empresa? Quais os valores que agregarei ao mercado, aos outros, à sociedade? Insista: quais os meus pontos fortes e minhas paixões? Como posso colocar esses pontos fortes a favor das empresas? Diploma universitário já não significa muito. Em síntese: troque o olhar ególatra por um olhar contextual, social e comunitário. O mundo é cada vez mais generalista e não tão especialista. O mercado precisa menos de profissionais especializados e mais daqueles que possam se adaptar a novas demandas. A especialização tende a se esvaziar. Precisamos de mais empreendedores do que nunca. Seres complexos e afeiçoados à diversidade. Um pouco de finanças, de RH, de marketing. O verdadeiro sucesso é conhecer muitas áreas. O mantra da especialização está em déficit acentuado e acelerado. É importante possuir habilidades transferíveis. São aquelas que podem ser aplicadas a muitos trabalhos e a inúmeras situações. Liderança, por exemplo, se aplica a tudo. Já o marketing digital, muda rapidamente e quem se especializou pode ficar desguarnecido. Até 2027, cerca de 60 da força de trabalho será composta por profissionais independentes ou freelancers. Três ações para garantir o sucesso na nova era: 1. aprendizagem contínua (lifelong learning). Aprender, continuamente, novas habilidades; 2. Marca pessoal. Investir na singularidade será diferencial obrigatório; 3. Soft skills. Comunicação, inteligência emocional, capacidade de adaptação. Apurou-se, no Centro de Pesquisas de Stanford, que 85 do sucesso profissional depende do desenvolvimento dessas competências. Só 15 se vinculam a conhecimentos técnicos. Em vez de certificado ou diploma, pense em comunicação; em vez de marketing digital, gestão de tempo. O que é preciso atentar com apurado empenho é para a inteligência artificial. Nos próximos cinco ou dez anos, ela estará em todas as profissões ou setores. Mudará a advocacia e a medicina. Isso não ocorria no paradigma laboral. Mas então não existia a inteligência artificial. A rapidez é impressionante: em um ano, a mudança equivalerá a dez anos da antiga era. Comunicação, criatividade, sensibilidade, é tudo aquilo que pode fazer com que os humanos ganhem sobre os robôs. O lamentável é que a educação não mudou. Tem foco total em habilidades técnicas: matemáticas, inglês e geografia. Onde as competências vitais para o sucesso profissional, como comunicação, criatividade ou inteligência emocional? Oratória, pintura, teatro, canto e música, xadrez, tudo isso reforça as competências socioemocionais e não merece a devida atenção dos educadores. O que fazer se 65 das crianças que começam hoje a estudar, vão trabalhar em profissões que ainda não existem? É um dado analisado pelo Fórum Econômico Mundial. Basta verificar que as empresas contratam por hard skills e demitem por soft skills. Eruditos nem sempre são bons comunicadores. Podem ter relacionamentos tóxicos. “O primeiro da classe” não será, necessariamente, “o primeiro na vida”. As empresas vencedoras já analisam as soft skills. As questões comportamentais e situacionais estão nas entrevistas dos candidatos. A interpretação da linguagem corporal é levada a sério. Pede-se ao interessado em ingressar à empresa algum projeto, não necessariamente técnico. E já existe software de análise do soft skills. São habilidades cuja aferição é muito subjetiva. Então as empresas encaminham um game ao candidato e depois examinam como é que ele trabalhou com isso. As 5 soft skills mais procuradas segundo o Linkedin, são: 1. Criatividade; 2. Persuasão; 3. Colaboração; 4. Adaptabilidade e 5. Inteligência emocional. O trágico, no Brasil, é que essa reflexão esteja ausente do espaço público. Os concursos são feitos à base da “decoreba”, avalia-se a capacidade mnemônica. Num tempo em que a informação é acessível e pode ser obtida a mero clique num mobile. Por isso a deficiência no funcionamento de todas as carreiras estatais, ressalvadas as raríssimas exceções dos que desenvolvem, por si mesmos, esses atributos imprescindíveis ao hígido e adequado funcionamento da máquina. Até quando essa miopia – ou cegueira – continuará a vigorar? Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão Em 30 de agosto de 2022 voltar |
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