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PRATA DA CASA
Acadêmico: José Renato Nalini
"Vender a Serra" como plus a uma unidade residencial deveria impor retribuição

Prata da casa

Uma cidade como Jundiaí tem de priorizar a qualidade de vida do jundiaiense, assim considerado - não só quem nasceu aqui - mas aquele que escolheu este chão para viver.

Essa prioridade já conta com um patrimônio nem sempre bem reconhecido e prestigiado. Que municípios brasileiros têm o privilégio de contar com uma Serra do Japi? É um colosso verde que garante um benfazejo microclima e que chamou a atenção de cientistas como Aziz Ab'Saber, responsável por seu tombamento.

É preocupante verificar que a Serra é utilizada como chamariz e marketing para muitos empreendimentos, mas que deles não recebe qualquer compensação.

"Vender a Serra" como um plus ao preço de uma unidade residencial deveria impor ao empreendedor uma retribuição. O plantio de milhares de árvores para cobrir as chagas abertas pela ignorância e pela cupidez. O Brasil precisa de mais de um milhão de árvores. Deveríamos nos mirar no exemplo de Felix Finkbeiner, jovem ambientalista alemão, que o mundo descobriu, ao lado da sueca Greta Thunberg. Aos 9 anos, ele propôs que cada país se comprometa a plantar um milhão de árvores. Aos treze, aumentou a aposta e sugeriu às Nações Unidas que estabeleçamos a meta de plantar um trilhão de árvores até 2050.

Isso é fácil. Qualquer pessoa pode fazer. Coletando sementes que vão parar nas bocas-de-lobo. Fazendo mudas. Exigindo mais viveiros. Formando brigadas de plantio. E isso deveria ser liderado por aquelas empresas que lucram mais, usando o nome e o cenário da Serra do Japi.

Por que precisamos falar em jovens suecos e alemães para mostrar que a preocupação com a natureza deve estar na consciência de todos os seres humanos? Não temos crianças e jovens assim em Jundiaí? Há algum exemplo de preservação, de replantio, de regeneração de mata, de salvação de cursos d'água que o "progresso" condenou a desaparecer?

Não vejo uma preocupação maior com a educação ambiental, que deveria ser intensiva e não se resumir a algumas aulas na escola convencional. E precisaríamos estimular a juventude, imersa nas tecnologias da Quarta Revolução Industrial, a formular soluções para este desenfreado e cruel ataque à ecologia, pois a crise climática é muito mais grave do que qualquer pandemia.

Ideias originais existem e podem estar muito perto de nós. Como a startup "umgrauemeio", de nossa cidade, que desenvolveu um sistema de câmeras que está impedindo a reincidência do pavoroso incêndio que atingiu o Pantanal Mato-grossense, na região da Serra do Amolar.

Li no "Estadão" que um dos fundadores dessa empresa jundiaiense, Osmar Bambini, afirmou serem necessárias vinte e oito câmeras para cobrir todas as áreas críticas do Pantanal, que atingem mais de dois milhões e meio de hectares.

Noticia-se também que a startup atua agora no desenvolvimento de um sistema de modelagem do fogo, que vai prever para onde ele vai e em qual velocidade. E um outro projeto é promover a integração entre o programa Pantera e drones. O que tornaria possível acompanhar o trabalho dos brigadistas que surgiram depois da pavorosa catástrofe de setembro de 2020. Será que essas câmeras também não poderiam monitorar a frágil Serra do Japi, sempre ameaçada e reiteradamente vítima de incêndios?

Prestigiar a prata da casa nessa área é cuidar do amanhã. Sem isso, o caos estará mais próximo do que gostaríamos.

Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião
Em 07 08 2022



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