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HUNGRIA: PRESIDÊNCIA JOVEM E LÚCIDA
Acadêmico: José Renato Nalini
A Academia Paulista de Letras receberá nesta noite, honrada e distinguida, a visita da Presidente da Hungria, Katalin Novak.

Hungria: presidência jovem e lúcida

A Academia Paulista de Letras receberá nesta noite, honrada e distinguida, a visita da Presidente da Hungria, Katalin Novak. Nascida em 6 de setembro de 1977, é a mais jovem chefe do Executivo húngaro. Concilia a relevante função com a consciente maternidade de seus filhos Ádám, Tamás e Kata, do matrimônio feliz que a conserva unida ao economista István Veres.

Nascida numa família em que a erudição é uma característica – seus pais e irmão têm doutorado – , nasceu em Szeged, mas estudou em Budapest, onde reside. Mas é afetivamente vinculada ao berço natal e celebra, religiosamente, cada aniversário de sua cidade.

Formou-se em Economia na Universidade Corvinus e em Direito na Universidade Szeged, mas também aprimorou sua formação na Universidade de Paris – Nanterre e na famosa ENA – Escola Nacional de Administração. Também fez cursos no Instituto de Estudos Políticos de Paris e estagiou em Universidades dos Estados Unidos. Sua carreira meteórica deriva não só de talento e inteligência, intensa afeição aos estudos, mas à importância que dá à família, como base de uma coesão nacional.

Sua teoria e prática remetem a Rui Barbosa, para quem a pátria é “a família amplificada”. Criou para a sua pátria, a Hungria, uma consistente política pública familiar e conseguiu empolgar toda a cidadania, que leva a sério aquilo que, em outras partes do planeta, é formalismo e retórica vazia.

A partir de 2001 participou do governo em inúmeras funções. Especialista em União Europeia, atuando para que a Hungria ingressasse nessa bem-sucedida agregação de Estados muito distintos, histórica e culturalmente. Participou do Ministério das Relações Exteriores, chefiou o gabinete do Ministro para Capacidades Humanas, foi Ministra de Assuntos Internacionais, Ministra de Estado para a Família e Assuntos da Juventude, além de Ministra de Capacidades Humanas.

Entre 2017 e 2021, foi Secretária Internacional da União Cívica Húngara, o maior partido político da Hungria, assim como Vice-Presidente da Aliança Cívica Húngara. Entre 2018 e 2022, foi membro do Parlamento, integrou o Gabinete para Estratégia e Assuntos da família, entre 2020 e 2021 foi Ministra para a Família e, finalmente, assumiu a Presidência de seu país.

Em seu discurso de posse, enfatizou o protagonismo feminino: “Nós, mulheres, criamos filhos, cuidamos dos doentes, cozinhamos, estamos em dois lugares ao mesmo tempo se for preciso, ganhamos dinheiro, ensinamos, ganhamos prêmios Nobel e limpamos janelas. Conhecemos o poder das palavras, mas sabemos ficar em silêncio e ouvir quando necessário, defendendo nossas famílias com uma coragem maior do que a dos homens se o perigo ameaçar”.

A mais jovem chefe de Estado Húngara condenou a invasão russa à Ucrânia, que se limita com a Hungria. Mãe, esposa e profissional, ela acredita e se comporta na crença inabalável de que família e profissão podem compor harmoniosa unidade na vida da mulher.

Além de tudo, Katalin Novak é uma cristã cumpridora de seus deveres confessionais e uma entusiástica praticante de corrida. Já completou diversas maratonas. Esquia bem, frequenta cinemas e teatros. Apaixonada por games, como é próprio à sua geração, é amiga dos animais. Sua família há poucos anos adotou um cão, Pogó, que hoje faz parte integrante dela.

Excelente oportunidade para estreitar as relações entre Hungria e Brasil, amistosas e afetivas, pois mais de cem mil brasileiros têm ascendência húngara. O Brasil é a maior comunidade húngara da América Latina. A chegada dos húngaros à nossa Pátria ocorreu na segunda metade do século XIX e Santa Catarina foi o Estado mais contemplado. Em 1871, o Imperador Pedro II visitou a Hungria, em 1873 o Brasil abriu consulado honorário em Budapest.

Em 2994, Fernando Henrique Cardoso fez visita à Hungria e o primeiro presidente húngaro a visitar uma nação sul-americana, justamente o Brasil, foi Árpad Göncz, em 1997. O governo húngaro elaborou um documento de planejamento estratégico em 2011 que incluiu o Brasil entre suas prioridades de política externa. Em 2013, o então vice-presidente Michel Temer visitou a Hungria e em 2017, as duas nações celebraram noventa anos de relações diplomáticas.

O Brasil tem fascinação por Bartók, o mais húngaro dos músicos clássicos. Em todas as festas escolares do século 20 as crianças caprichavam na “Dança Húngara” de Brahms, nossos jovens redescobriram Milán Füst, Antal Szerb e Sándor Marái, as artes plásticas cultuam o pintor húngaro Victor Vasarely, considerado o pai da Optical Art, também chamada de “Op Art”. Uma legião de brasileiros é adepta de goulash, pörkölt, halászlé, hurka e do famoso salame téliszalámi. Quando criança, deliciava-me com as tortas húngaras preparadas pelas famílias húngaras de minha cidade: Saska e Éber. Bem vinda, Presidente Katalinsk Novák. A Academia Paulista de Letras sente-se privilegiada com sua visita.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão
Em 12 07 2022



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