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TURISMO: ALAVANCA PODEROSA
Acadêmico: José Renato Nalini
Não é suficiente fazer propaganda e criar "rotas"; é preciso uma série de providências

Turismo: alavanca poderosa

O Brasil precisa levar a sério a indústria do turismo. Ela salvou a Espanha de uma grave crise há algum tempo. E turismo se faz no município. Não há cidade que esteja subtraída a essa vocação. É necessário atuar profissionalmente e aprender com os estrangeiros.

Não é suficiente fazer propaganda e criar "rotas". O sucesso depende de uma série de outras providências. Por exemplo: estimular os moradores desses percursos a adotarem táticas de embelezamento estético de suas propriedades. Causa desconforto verificar que, para chegar a uma cantina, tem-se de percorrer espaços ociosos ou, pior ainda, ocupados por ferro-velho, depósitos de material lançados ao léu, muros caindo, a fealdade institucionalizada a depreciar uma atração incrustada num caminho repleto de feiura.

Os europeus sabem trabalhar com isso. Favorecem a preservação de um estilo. Um conjunto de construções com certa homogeneidade se transforma em atração e gera renda para todo um comércio que se beneficia desse tratamento.

Nem sempre o feio é mais barato. O que falta é bom gosto, assessoria de arquitetos, paisagistas, designers e outros profissionais sensíveis, aos quais o abandono estético até machuca.

Uma região rural precisaria conservar o verde e não admitir a construção de galpões, nem a presença de muros altos, que escondem outras coisas incompatíveis com a vocação turística.

As municipalidades têm todo o interesse em propiciar a seus contribuintes atividades rentáveis, que ao menos reduzam a lamentável cifra dos desempregados. Uma assessoria de artistas que toda cidade tem, redesenharia circuitos comprometidos pela medíocre falta de bom gosto.

Concursos de jardins, remodelação de fachadas, remoção de tudo o que ofenda à estética, é algo que redundará em benefício coletivo. Ganhará o fisco, pois terá incremento de atividades geradoras de renda. Ganhará a cidade, que poderá ser incluída em roteiros aprazíveis. Ganhará a população, pois quando se cultiva o belo, a consequência será afastar tudo aquilo que o agride, como sujeira, abandono, desleixo, o convite à ociosa permanência em estágios inferiores de civilização.

Desde que o município brasileiro adquiriu o status de entidade federativa, foi-lhe imposta uma carga relevante de novas obrigações e responsabilidades. Diante do sucateamento da indústria tradicional, pois o Brasil não se preparou para o advento da Quarta Revolução Industrial, é urgente descobrir outras fórmulas de propiciar vida digna, decente e prazerosa para os moradores de uma urbe.

Investir nas tradições locais. Resgatar hábitos abandonados, como a cozinha típica, os doces caseiros, o pão de casa, o macarrão feito na cozinha da residência, tudo tem um sabor especial e agrega valor. De igual forma, realizar concursos de bordado, de crochê, de tricô, de patchwork, de todo tipo de artesanato. Se nem todos os municípios podem ser uma Holambra, com seu festival de flores naturais, eles podem cultivar vegetais que evidenciem o apreço pela flora e a preocupação com o verde, tão vilipendiado no território brasileiro.

Turismo deveria ser uma obrigatória preocupação em todas as escolas, pois a educação convencional não conseguiu produzir profissionais exigidos pelas TICs - Tecnologias de Informação e Comunicação, mas pode oferecer um amanhã convidativo a quem for despertado para essa poderosa indústria: o turismo local.


Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião
Em 26 06 2022



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