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Acadêmico: José Renato Nalini O mapa da fome voltou para ficar. Um ano atrás se falava em 20 mi; hoje, são 33 mi
Fome & Conectividade O país dos contrastes é um grande laboratório para estudos de sociologia, antropologia, psicologia das massas, economia e filosofia. Incrível como os opostos convivem nesta Pátria a um tempo abençoada e amaldiçoada. Abençoada com seu clima, com sua biodiversidade, com a sua dimensão continental, com o seu único idioma, com a riqueza de sua orla de mais de dez mil quilômetros, com a exuberância de seu patrimônio tangível e intangível. Abençoada porque seu povo sofre, é espoliado, é enganado e não perde a alegria de viver. Sua tristeza dá samba. Distrai-se com o Carnaval, com a ilusão de viver o sonho da realeza. Amaldiçoada porque a República tem patinado e intensificado problemas que outras nações, nas quais houve guerra externa, terremotos, tsunamis e todo tipo de desgraça, já resolveram há décadas. Não é só a educação brasileira que está na UTI. O ranking da avaliação trienal da OCDE, o exame PISA, mostra o vexame da nossa escolarização. Não se acordou para a realidade imposta pelas novas tecnologias, surgidas com o advento da Quarta Revolução Industrial e continua-se a insistir numa transmissão de informações e no adestramento do educando para decorar dados que nem sempre servirão para a sua vida real. Com a agravante de que tais dados estão disponíveis a um clique dos mobiles, celulares, smartphones, tablets e outras bugigangas eletrônicas que todos possuem nesta terra de paradoxos. O pior de tudo é que o mapa da fome voltou para ficar. Um ano atrás se falava em 20 milhões de famintos. Hoje o número pulou para 33 milhões. Enquanto isso, mais de 150 milhões sofrem de insegurança alimentar. 45 da população está subtraída aos imprescindíveis benefícios do saneamento básico. O desemprego apanhou o jovem que não foi preparado para as novas profissões. O que o Brasil oferece para essa população abandonada e desatendida? Como sobreviverá de forma decente e digna? O fato de existirem 300 milhões de mobiles para 213 milhões de habitantes é outro fenômeno a ser devidamente apreciado, pois ainda há uma legião de brasileiros totalmente desconectados. A implementação do 5G é promessa que se fez com alarde e foi ratificada inúmeras vezes. Experimentou-se o sistema que prometia velocidade ímpar e um desenvolvimento inimaginável para as comunicações da Quarta Revolução Industrial. Só que o Brasil ainda possui oitenta e nove municípios sem cobertura 4G. São dados da própria Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações. 4G é a quarta geração de internet móvel e chegou ao Brasil há mais de dez anos. Com o 5G, prevê-se a disseminação dos carros autônomos e das cirurgias remotas, enquanto o 4G permitiu entregas e corridas por app, o ensino à distância e outros serviços disponíveis e já incorporados na rotina dos brasileiros. A cobertura 4G atinge 88,3 da população brasileira. Mas a distribuição ainda é bem desigual. Até na capital paulista, a mais bem servida, existe uma diferença entre Itaim Bibi e a Zona Leste. É urgente que se cuide disso, pois o mundo inteiro está conectado e quem ficar por fora não apenas estaciona, mas retrocede. E o Brasil já está cansado de retrocessos, como na área ambiental, por exemplo. Os Prefeitos têm enorme responsabilidade quanto à conectividade da população que os elegeu. Espera-se correspondam a essa obrigação cívica. Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião Em 23 06 2022 voltar |
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