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SÓ A CIDADANIA SALVA
Acadêmico: José Renato Nalini
Tudo o que o Estado faz é mais dispendioso, demorado e sujeito a corrupção

Só a cidadania salva

Em regra, os governos são um desastre. Perde-se completamente a noção de que Estado é instrumento a serviço da população e pensa-se em usufruir do poder de maneira despudorada. Um evidente retrocesso na vida política brasileira ocorreu após essa nefanda instituição, a verdadeira matriz da pestilência chamada reeleição. Depois dela, o primeiro dia de mandato de qualquer chefe de Executivo mostra a sua aspiração a ser reeleito. Tudo gira em volta a essa quase-perpetuidade no comando da coisa pública.

Por isso é que se faz urgente a implementação da Democracia Participativa. Ela reconduz à ideia de que o instrumento deve estar a serviço da cidadania, não o contrário. Gestão inteligente do poder político implica em favorecer a atuação efetiva de cada indivíduo, ampliando as esferas de influência, para compelir o mandatário a cumprir aquilo a que se comprometeu com o mandante.

Num país iletrado e periférico, o fenômeno é surreal: o representante assume a condição de autoridade, não presta contas e só se lembra do representado quando vai pedir o seu sufrágio.

Por isso é que acredito hoje no protagonismo da iniciativa privada. Tudo o que o Estado faz é mais dispendioso, mais demorado e mais sujeito a corrupção. Enquanto o empreendedor particular não pode brincar com o dinheiro do povo como fazem os políticos profissionais.

E sob essa vertente, sou entusiasta da agenda ESG. Fico animado quando contraponho a indigência da política à prática de grupos que estão levando a sério essa cultura de cuidar simultaneamente do ambiente, da redução das desigualdades sociais e da governança corporativa.

O Anuário de Sustentabilidade da S&P Global 2022 mostra que o Brasil avançou um pouco nesse ranking verde. Está em 12º lugar e tem vinte e duas empresas empenhadas em levar a sério o lema ESG.

Parece um ranking sério, pois avalia 7.554 empresas do mundo e partiu dos dados do Comitê de Sustentabilidade do índice Dow Jones. A avaliação classificou as empresas a partir de sessenta e um modelos de questionários sobre práticas de ESG, com notas de zero a cem. Na categoria ouro, o Brasil tem duas empresas: Klabin S/A e Renner. A categoria Prata mostra o Banco do Brasil, o Bradesco e o Itaú-Unibanco. Já na categoria bronze figuram Itausa-Investimentos Itaú S/A, Natura, Companhia Energética de Minas Gerais, Centrais Elétricas Brasileiras - Eletrobrás e Fleury.

Figuram ainda em busca de suas "medalhas", empresas como Sul-América, Americanas, Braskem, Grupo Boticário, Neoenergia, Suzano, Petrobrás, Lojas Americanas, Vibra Energia, Telefônica, TIM e Cielo.

Ocorre que a agenda ESG deve ser levada em consideração por toda e qualquer empresa, inclusive as pessoas microempresárias. O maior perigo que ronda a humanidade não é a guerra na Ucrânia, nem a hecatombe nuclear, nem a pandemia da Covid-19 e outras que ainda virão. Na verdade, o risco de se acabar qualquer espécie de vida no frágil planeta Terra advém das mudanças climáticas resultantes do aquecimento global.

É preciso recuperar o lema inicial da sustentabilidade: sabendo usar, não vai faltar. Pensar globalmente, mas agir localmente.

Todos podem coletar sementes, fazer mudas, replantar para substituir as árvores sacrificadas. Fazer compostagem. Desperdiçar menos. Cuidar da economia circular. Isso não depende de governo, quase sempre cego ao que é importante. Depende de cada um de nós. Só a cidadania salva!

Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião
Em 19 06 2022



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