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DIA DOS NAMORADOS
Acadêmico: Gabriel Chalita
O amor é pulsação e é ação. É sentir e é surpreender. É amar quem se ama mais do que a si mesmo. Se não for assim, é apenas afeição. Que já é belo. Mas que não é amor.

Estar em amor é compreender o olhar, o luar, o dançar, o poetizar a vida de mãos dadas. 

Estar em amor é desdizer os medos que nos trancam em nós mesmos e oferecer o nosso espaço mais sagrado para outro habitar. 

Estar em amor é semear delicadezas para que possamos florescer felicidades. Há os que acreditam em destino e desenham, na terra das imaginações, um amor perfeito, vindo de um complementar da alma que vive da busca.

Há os que desacreditam do amor, depois das machucaduras dos ontens. Há os que, livremente, se abrem, como se abre uma flor, agradecida pelo existir pleno na curta duração de enfeitar os jardins.

Em uma multidão, o amor se avista. Perde-se de vista o que não é amar. E os dias comuns deixam de ser dias comuns. E um amanhecer não é mais apenas um amanhecer. E um pôr do sol se torna canção.

Teorias se perdem em tentar explicar o inexplicável. De onde vem o calor que palpita mais forte o mais forte dos sentimentos? E por quê, então, o inverno?

O amor é pulsação e é ação. É sentir e é surpreender. É amar quem se ama mais do que a si mesmo. Se não for assim, é apenas afeição. Que já é belo. Mas que não é amor.

Amor não é negação. É construção. Amor não é texto limpo. É a arte das rasuras e das arrumações. É correção. Desistir de amar é incompreender a vida. Mesmo a noite mais dorida por um amor que se foi, é mais bela, no tempo, do que o vazio de um desamor. O desamor faz brotar mágoas, ressentimentos, perversidades. E, então, o jardim perde o perfume que perfuma a vida.

Os orgulhosos se vestem de discursos sem verdades ao anunciar o fim da necessidade de amar. Os humildes sabem que do húmus, terra onde nasceram, nasceram, também, explicações para guiar os dias de viver, enamorar.

O dia dos namorados é dia até de lembrar o lindo que já não mais está. E, simplesmente, agradecer. O dia dos namorados é o dia de destrancar as portas e respirar novamente o amar. O dia dos namorados é dia de ressignificar romantismos, de acariciar, com leveza e com entrega, quem entrega a sua vida para estar.

Aos que atestam a desnecessidade das datas, apenas ampliem. Que seja todo o dia, então. Que na presença ou na ausência se compreenda o belo de se entregar. Do dividir uma vida, para somar. Do viajar acompanhado, acompanhando com olhos de luar cada paisagem comum. Nada é comum quando se está a amar!

Estar em amor é pedir perdão ao tempo do desperdício. Ao tempo negado. Ao tempo não amado. Um simples compreender e as mãos fechadas voltam a se abrir e a acariciar as mãos tão únicas de acompanhar. Estar em amor, enamorar. Todo o resto é ilógico na lógica do viver. 

Aos autoproclamados campeões solitários, com quem se comemora a vitória? Quem se abraça? Com quem se divide o prêmio vencido? Quem empresta o sorrir para sorrir juntos a conquista? E em dias de chorar? Em que colo se cola?

Mas, aos que estão sem namorar, há também caminho, caminhantes. Há o enamorar amigo, há o expandir do conceito de amar. Há o trabalho amoroso na ética do viver. Trabalhar para melhorar o mundo é o amor que vai além dos desejos, das recompensas ou retribuições. É emprestar vida à arte que apresenta bondade e beleza ao espaço e ao tempo do plantar, do aguardar, do colher. 

Estar em amor, em qualquer idade, é dar, à idade, eternidade. O amor sobrevive à morte. Às muitas mortes.  É por isso que, mesmo nos duros dias, girassóis se voltam para o sol e prosseguem emprestando luz a quem simplesmente destranca a alma e respira a vida de todo dia. 

Feliz dia dos namorados.



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