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PREITO A MARIAZINHA CONGILIO
Acadêmico: José Renato Nalini
Se houvesse uma palavra para definir Mariazinha Congílio, seria generosidade

Preito a Mariazinha Congilio

O médico Helio Begliomini, atual Presidente da Academia Cristã de Letras, que cursou medicina em Jundiaí, na nossa gloriosa Faculdade, solicitou que eu falasse a respeito de Mariazinha Congilio, numa sessão "saudades" daquele Silogeu.

Aquiesci com prazer, porque Mariazinha Congilio é personagem inesquecível e merece todas as homenagens.

Conheci-a quando ainda muito jovem. Ela era professora do Grupo Escolar "Coronel Siqueira de Morais", vocacionada e amada por seus alunos. Mas seu talento era polivalente. Ela escrevia nos jornais locais, "A Folha de São Paulo", "O Jundiaiense" e o nosso "Jornal de Jundiaí".

Era ardorosa defensora de Jundiaí, sua terra de adoção. Promoveu a cidade de todos os modos. Sua casa era um verdadeiro "Consulado" ou "Embaixada" de divulgação jundiaiense. Inúmeras personalidades brasileiras e estrangeiras visitaram a "Terra da Uva" a convite de Mariazinha.

Ela era agregadora. Somava e não dividia. Prestigiava os novatos. Incentivava jovens escritores e artistas. Atuou na realização dos "Encontros Jundiaienses de Arte", que levaram à cidade artistas consagrados no Brasil e no exterior. Criou o "Troféu Imprensa", que era entregue todos os anos a artistas da TV, escritores, políticos e grupos que atuassem na defesa de valores culturais.

Fundou em Jundiaí o "Clube dos Estados", o grupo das Sorotimistas, mas sua obra-prima foi o cenáculo chamado "Pensão Jundiaí". Reunia mensalmente, em restaurantes da capital, personalidades, intelectuais, celebridades e todas as pessoas que se interessassem por conhecer a cidade de Jundiaí e cultivar a amizade espontânea e desinteressada.

Pouca gente sabe que Mariazinha Congílio era profunda conhecedora da obra de Machado de Assis. Respondeu sobre o "bruxo do Cosme Velho" num programa televisivo à época: "O céu é o limite". Chegou à final, vencendo um campeonato que hoje faz falta na TV brasileira.

Escreveu dezenas de livros. Crônicas, romances, estórias infantis, ensaios, tudo traduzido para outros idiomas, principalmente a Itália. Também estabelecia intercâmbios com o estrangeiro, levando Jundiaí a ser "Cidade Irmã" de Siracusa, onde residiu durante algum tempo.

Se houvesse uma palavra para definir Mariazinha Congílio, seria generosidade. Apoiava todas as pessoas, conhecidas ou não. Era corajosa na defesa dos inocentes. Foi inúmeras vezes convidada a se candidatar a Vereadora, Prefeita ou deputada. Recusou-se, dizendo que sua cidadania era suficiente para servir à comunidade.

Não possuía arrogância, nem era pretensiosa, embora tivesse orgulho por ser a primeira classificada nas várias Faculdades que cursou, inclusive Direito e Pedagogia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Abria caminhos para os seus amigos, lutava por suas causas, vibrava com suas vitórias, chorava quando eles perdiam seres queridos. Foi injustiçada, como geralmente o são as pessoas boas. Todos os que se propõem a trabalhar pela coletividade, que se expõem e afrontam interesses, colhem ingratidões. Mariazinha Congilio tinha tudo para integrar Academias prestigiadas, como a Paulista de Letras e a Casa-mãe, a Academia Brasileira de Letras. Não obteve o beneplácito dos que se consideravam os "donos" das Letras.

Nem por isso deixou de prestigiar os que obtinham o privilégio de integrar tais núcleos culturais. Estava acima da pequenez contemporânea.

Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião
Em 05 06 2022



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