|
||||
| ||||
Acadêmico: José Renato Nalini Há modelos de consciência ecológica em plena efervescência e é importante que sejam disseminados, para inspirar a juventude.
Indícios de renascimento Os sintomas de decadência dos costumes, notadamente os políticos, não devem desanimar os homens de boa vontade. Aqueles que receberam o aviso de que uma nova era havia chegado e que os prenúncios seriam de paz na Terra. Pois há pessoas e grupos resistindo à insensibilidade de quem patrocina a destruição da natureza. É confortador verificar que algumas empresas – sempre elas, as campeãs da sobrevivência no mundo hostil criado pelo Estado – adotam condutas salvíficas, ou seja, não só pensam na catástrofe ambiental, mas agem para debelá-la. Acho que todos viram estes dias a publicação de uma delas, cuja marca obteve certificação Empresa B, que distingue companhias que, além da excelência do produto, adotam práticas sustentáveis em toda a cadeia produtiva. São apenas 4.384 empresas no mundo, 233 delas no Brasil. É uma empresa que está atenta ao futuro do planeta. Os três pilares sobre os quais sua política se apoia são importantes: Primeiro: carbono zero e proteção de nascentes. Ela já consegue neutralizar a pegada de carbono de sua operação, tanto nas fábricas, nas lojas e escritórios. Para isso, investiu em soluções para todas as etapas da cadeia produtiva. Cuida do solo na plantação, troca o combustível usado pelos veículos da empresa. Tem o programa Arboriza, em parceria com a SOS Mata Atlântica, em projeto de revitalização da bacia do rio Pardo, no interior paulista. Já plantou 70 mil árvores de mais de 60 espécies nativas, em 30 hectares e o objetivo é restaurar 277 hectares com 700 mil árvores, o que protegerá 154 nascentes. O segundo é o respeito ao solo e aos trabalhadores, que ajuda a promover a sustentabilidade socioeconômica dos pequenos produtores. Estes são informados e capacitados sobre práticas de cultivo sustentável, preservação de flora e fauna nativas, cuidado com as nascentes. O terceiro é o aproveitamento de tudo aquilo que ela produz. A reciclagem fecha o ciclo, numa verdadeira economia circular. Um programa “Hortas” oferece adubo e consultoria técnica para pequenos agricultores cultivarem alimentos orgânicos de forma regenerativa. É um exemplo a ser seguido por todos, não apenas por empresas. Afinal, somos o maior produtor de resíduos sólidos da Terra. E desperdiçamos um conteúdo muito valioso, que chamamos “lixo”, quando ele poderia gerar economia, riqueza e melhorar o ambiente poluído em que vivemos, por irresponsabilidade de todos. Governo e sociedade. O segundo exemplo vem da indústria têxtil. A busca de moda circular e sustentável contribui para a preservação do ambiente e para ensinar a todos um comportamento mais ecológico. Uma grande empresa se empenhou no movimento de sustentabilidade que engloba todas as suas iniciativas no pilar de responsabilidade socioeconômica da cadeia de fornecimento. É uma questão cultural, de educação do consumidor, que é conscientizado para a reciclagem e incentivado a entregar roupas que já não são usadas para que elas sejam reutilizadas. Com esse procedimento, 86 dessas vestes são reutilizadas, 12 recicladas e apenas 2 descartadas. A produção de jeans já dispõe de energia limpa e menos consumo de água. Investe-se na utilização de fibras mais sustentáveis, em parceria com uma organização global que licencia produtores de algodão a partir de princípios e critérios de produção sustentáveis. Uma parceria com o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo transforma restos da indústria têxtil e de roupas usadas doadas em um novo fio, a ser usado na confecção de novas peças. Isso reduz ou até pode eliminar os descartes e desperdícios. Uma iniciativa interessante é a “Loja do amanhã”, construção de pontos de venda que utilizam soluções sustentáveis, com menor impacto no meio ambiente, redução de 60 no consumo de energia, embora toda ela provenha de fonte renovável e 40 de água. O resíduo das construções é totalmente reciclado ou reutilizado. Para se ter uma ideia, 170 mil toneladas de resíduos têxteis são geradas por ano, só em sobras de cortes para a confecção de roupas. Disso, 60 vão para o lixo comum e 40 vão para as empresas recicladoras. É preciso melhorar tal percentagem. A mensagem que essa empresa dirige à sociedade brasileira é a democratização da sustentabilidade. Afinal, proteger o Planeta, o único habitat com que podemos contar, é responsabilidade de todos. Há outros modelos de consciência ecológica em plena efervescência. É importante sejam disseminados, para inspirar a juventude, ávida por criar novos esquemas, encontrar soluções para problemas aparentemente insolúveis e sentir-se partícipe de uma cruzada que é de todos. Ainda é possível salvar a Terra. São indícios de um verdadeiro renascimento ecológico. Que ele contamine todos os viventes. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão Em 12 05 2022 voltar |
||||
Largo do Arouche, 312 / 324 • CEP: 01219-000 • São Paulo • SP • Brasil • Telefone: 11 3331-7222 / 3331-7401 / 3331-1562. |