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JOVEM TEM DE VOTAR
Acadêmico: José Renato Nalini
Jovem, a partir dos 16 anos, você pode mudar o melancólico cenário da Nação

Jovem tem de votar

Compreendo o desencanto da juventude. A fase dos sonhos, dos ideais, nada tem a ver com a forma pela qual a política partidária brasileira tem se comportado, de maneira geral e predominante.

Houve um tempo em que participar da gestão da coisa pública era entregar-se, altruisticamente, a um trabalho espontâneo. Cheguei a testemunhar, aqui em nossa cidade, o empenho com que vereadores não eram remunerados. Eram profissionais prestigiados, cidadãos escolhidos para a reunião semanal. Ofereciam sua disponibilidade e seu empenho para ajudar a administração da cidade.

Vivi a época áurea em que políticos como José Romeiro Pereira, Nicolino De Lucca, Luis Latorre e Vasco Antonio Venchiarutti, para falar apenas dos que já se foram - e nem sempre são reverenciados como merecem, pois indiscutíveis padrões éticos -saíam como entravam. Não enriqueciam. Não compravam áreas nas imediações das obras públicas. Aliás, gastavam com esse exercício de cidadania. Em tese, saíam mais pobres do poder. Materialmente, é claro. Pois sua consciência estava tranquila. E o povo reconhecia isso.

Hoje, são quase quarenta partidos políticos se digladiando para obter os milionários Fundos Eleitoral e Partidário! Como se fosse possível contar com quarenta modelos de administração pública. É algo surreal. Próprio a uma República subdesenvolvida, na qual o tema educação foi deliberadamente negligenciado. A escola "decoreba" inibe a criatividade. Não ensina a pensar. Não quer massa crítica, pois esta daria um "basta" aos desvarios que assistimos diuturnamente no exercício das funções públicas.

De tanto ver triunfar o deboche, a malversação do dinheiro do povo, os conchavos, as falcatruas, e outras práticas, o jovem se desilude e quer distância da política. Mas é preciso reagir.

Ainda não se dispõe de outra fórmula para a coordenação da vida coletiva, que não seja a escolha de representantes. Sei bem que ninguém se sente efetivamente representado hoje em dia. Mas se não houver uma participação efetiva, uma oposição a esse estado de coisas constrangedor, tudo vai piorar. E o jovem precisa se convencer de que ele continuará a ser a principal e primeira vítima: terá décadas ainda a viver (o que não acontece com a minha geração) e persistirá a pagar elevadíssimo preço por sua omissão.

É importante recuperar a formatação ideal de Montesquieu, quando elaborou a teoria das três funções do Estado. A principal delas é o Parlamento. Estabelece as regras do jogo. Ao Executivo, no Estado de direito, incumbe cumprir a lei, desde que não exista controvérsia. Ao Judiciário, fazer incidir concretamente a lei, nos conflitos gerados pelo convívio.

O poder mais importante é o Parlamento. E há um generalizado descuido na seleção desses representantes. Cumpre banir da vida pública aqueles que não correspondem às expectativas do representado. Este é que detém o que resta de "soberania": todo o poder emana do povo.

Escolher bem os parlamentares. Fiscalizar a sua conduta. Cobrar e criticar, quando for o caso. Sugerir, cumprimentar e elogiar quando merecer. É o que se pode fazer, no caminho para a implementação da Democracia Participativa. Com a assunção, pelo povo, de atribuições mais efetivas e redução do poder dos transitórios "donos" do poder.

Jovem: a partir dos 16 anos, você pode mudar o cenário melancólico desta Nação. Vote! Há gente boa no páreo: pode acreditar!

Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião
Em 01 05 2022



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