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Acadêmico: José Renato Nalini Espera-se que candidatos apresentem propostas para enfrentar desafios
Vulnerável e desatento A Academia Paulista de Letras é uma instituição que completará neste ano 113 anos de ininterrupta existência. Durante a pandemia, não deixou de fazer uma reunião às quintas-feiras, das 17 às 18, mas com frequente extensão, diante da gama de assuntos de interesse abordados por seus integrantes. Numa dessas reuniões, o Embaixador Rubens Barbosa falou sobre as vulnerabilidades do Brasil e sua desatenção para o quadro crítico que se avizinha. Então, resolveu-se elaborar um manifesto, com participação de todos e que ora se oferece à reflexão do leitor: O alerta da Academia Paulista de Letras: A literatura tem sido na história cultural do Brasil e na história de nossas Academias de Letras o meio de expressão de nossa consciência crítica e de nossas possibilidades históricas. Daí porque nosso alerta atual. A pandemia e agora o conflito entre a Rússia e a Ucrânia expuseram de forma dramática as vulnerabilidades do Brasil em áreas estratégicas. A magnitude dos problemas, em especial, na economia (baixo crescimento, inflação, taxa de juros), na sociedade (desigualdade, aumento da pobreza, desemprego), na destruição da Amazônia e no isolamento e na perda de espaço do mundo, deixa para um longínquo segundo plano a questão das vulnerabilidades que perpassa diversos setores estratégicos. No comércio exterior, área dinâmica da economia, é preocupante a dependência brasileira de poucos produtos e poucos mercados e a vulnerabilidade do agronegócio, pela dependência do mercado chinês e de fertilizantes importados. É preocupante igualmente a vulnerabilidade do país em áreas estratégicas, como, entre outras, na dificuldade para começar um processo de reindustrialização, a partir da produção no Brasil de produtos sensíveis como semicondutores, insumos farmacêuticos, produtos de saúde, na importação de diesel e trigo, na segurança cibernética, no avanço na inovação e na educação. O Brasil enfrenta uma situação de extrema gravidade sem uma liderança política, empresarial e dos trabalhadores que expresse os anseios da todos por uma economia estável e um regime político funcional. Não existe uma visão estratégica que antecipe as vulnerabilidades e proponha soluções rápidas. A ausência de liderança agrava o quadro nacional e exige de todos os que se preocupam com o futuro do Brasil um esforço para promover um debate que chame a atenção para as mudanças que a sociedade brasileira terá de enfrentar, com um pensamento estratégico de médio e longo prazo. Nesse quadro de incertezas e grandes riscos, a defesa do interesse nacional, em um cenário de grandes transformações geopolíticas, impõe a discussão, entre todos os setores da sociedade, de uma agenda renovada que venha a examinar medidas duras, mas realistas, que farão a economia retornar a um rumo de estabilidade e de crescimento. Um país com mais de 213 milhões de habitantes e dimensões continentais não pode se dar ao luxo de ignorar essas e outras vulnerabilidades que poderão afetar seus interesses concretos, prejudicando seu desenvolvimento e segurança. A tarefa é urgente. O Brasil não pode esperar. O mundo não vai aguardar o Brasil. Espera-se que na eleição presidencial os candidatos apresentem propostas exequíveis para que o próximo governo possa enfrentar esses desafios. Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião Em 10 04 2022 voltar |
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