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Acadêmico: José Renato Nalini O interesse maior da humanidade é a humanização e a espiritualização
Saudades do Castor Há 21 anos falecia José Eduardo Borgonovi e Silva, o conhecido "Castor", talentoso jornalista, escritor e publicitário jundiaiense. Era filho de professores: Nilsa Borgonovi e José Silva Júnior. Fomos colegas no primeiro ano do curso de direito na Universidade Católica de Campinas, em 1966. Ainda não era "Pontifícia", obra de Dom Agnelo Rossi, que então acumulava funções junto ao Vaticano. Um grupo de alunos veio visitar Jundiaí e temos algumas fotos em que ele está sorridente, ao lado de colegas em visita à fazendola de Jacyro Martinasso, a Argos com Helô Negrão e a Ideal Standard do Dr. Molina. Ele deixou as ciências jurídicas pelo jornalismo. Junto com Sandro Vaia, integrou a equipe do Estadão e do saudoso JT, o Jornal da Tarde. Chega-me agora às mãos, o livro "Serrinha do Alambari", de José Fernando Rocha, escrito em homenagem a essa criatura extraordinária, que viveu pouco (1.1.1946 / 30.12.2000). Escreveu o conto "Gosto de tinta na boca", integrante da coletânea "Isto o jornal não conta". Era um verdadeiro polímata. Gostava da geopolítica e jogava xadrez como profissional. Chegou a receber o "Troféu Capablanca", entregue ao melhor jornalista e analista de xadrez do Brasil. Achava que as jogadas estratégicas no xadrez deveriam ser aplaudidas como um gol no futebol. Sensível, tinha alma de poeta. Dizia "a rosa é bela, quer desabroche num canteiro bem cuidado, quer nasça num canteiro abandonado". Preocupava-se com o destino dos racionais, tanta vez mais irracionais do que seus irmãos da escala animal considerada inferior: "governar é muito mais uma didática de civilização do que uma atividade de construção de patrimônio; tudo o que se constrói numa gestão administrativa é absorvido pelo tempo e pelo processo de gerações". Esteve no grupo "Estado" de 1967 a 1983. Atuou na editoria internacional e de economia do Jornal da Tarde, cobriu a Guerra dos Seis Dias entre Israel e as nações árabes. Assistir à catástrofe da violência armada e assassina, o levou a ser um artífice da paz. Repetia a frase de Einstein: "A paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos". Algo que é muito atual quando o mundo assiste, entre perplexo e inerte, a guerra da Ucrânia. Foi professor de jornalismo na UNIP e se tornou amigo de João Carlos di Gênio, recentemente falecido, que criou o Objetivo junto com Dráusio Varela. Foi Castor quem criou para o grupo o slogan "as melhores cabeças". Converteu-se em diretor de criação reconhecido, trabalhando na MPM, onde criou o marketing do candidato a prefeito FHC. Participou do Festival de Cannes de Publicidade e se importava com a busca de conceitos: "quem não teme a ideia, não teme o conceito; não confunda jamais a força intrínseca da onda com o farfalhar frívolo da espuma". Trabalho seu foi premiado pela "Time Magazine", estampado em capa da revista. Venceu concurso internacional promovido pela Time, o "Olympic Challenge". A "Advertising Age" considerou uma sua criação, "a melhor do mundo". Conseguiu criar sua própria agência, a "Castor & Associados". Lia os gregos, sobretudo Platão. Escreveu: "nós podemos perdoar facilmente as crianças que têm medo da escuridão. Mas o verdadeiro problema são os homens que têm medo da luz". Conseguiu antever os desafios deste nosso século: "a chegada do Terceiro Milênio impõe a todas as pessoas conscientes, preocupadas com a marcha civilizatória, uma postura obrigatória: reflexão moral e meditação ética sobre a realidade do planeta. O futuro não está domado. As profundas transformações são a marca do fim do milênio. Essas transformações não têm direção fixa e inexorável. É da responsabilidade de todos nós imprimir sentido, principalmente humanizados, às mudanças, de acordo com o interesse maior da humanidade: a humanização e a espiritualização do planeta Terra. A causa da paz, por sua prioridade, deve continuar na agenda internacional, direcionada a um mundo mais justo e mais pacífico. Em vez da lógica do confronto, deve estar a lógica da cooperação. É preciso incentivar a capacidade de a comunidade internacional assegurar a paz. É preciso desenvolver uma visão do futuro que nos indique direções humanitárias". Em dias de barbárie, essa fala é inspiradora. Saudades do Castor! Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião Em 27 03 2022 voltar |
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