Compartilhe
Tamanho da fonte


A ELLIS DE QUEM SINTO FALTA
Acadêmico: José Renato Nalini
Ellis Regina já conhecia Jundiaí, mas voltou na Feira da Amizade de 1981

A ELLIS de quem sinto falta

Eis que de repente, constata-se que Ellis Regina morreu há quarenta anos! Não posso dizer tenha sido "amigo" dela, mas me encontrei inúmeras vezes e ela faz parte de minha juventude, assim como a de tantos outros de nossa geração.

A primeira vez que conversei com ela foi num dos encontros no Conjunto Nacional, eventos da famosa "Terrazza Martini". Frequentei inúmeras dessas noitadas, em companhia de Mariazinha Congilio, criadora do "Troféu Imprensa", amiga dos artistas e divulgadora de Jundiaí, nossa cidade.

Foi graças a Mariazinha Congílio, escritora prolífica, que conheci Maurice Chevalier, Sarita Montiel, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Fernanda Montenegro, Plínio Marcos, Rita Lee, tantos artistas! As fotos comprovam esse privilégio.

Eu já era entusiasta da garota do "Upa Neguinho" com Jair Rodrigues. Assistia a todos os seus shows. Lembro-me bem de um deles na "Blow Up", à rua Augusta, em companhia de minha namorada à época, Eliana Castiglioni. Ela cantou várias músicas, mas eu me lembro bem de "Fascination", que depois também marcou singularmente minha vida. Mas foi na "Terrazza Martini" que pude conversar com ela, constatar que ela era a garota entre ousada e tímida, com sua gargalhada gostosa, "gente como a gente"!

Ellis Regina foi muito simpática. Já conhecia nossa cidade, mas prometeu voltar a Jundiaí, não para shows, mas para visitar a cidade. Conviver com os jundiaienses. E a oportunidade surgiu em 1981, quando sucedi Antonio Gomes de Amorim na presidência da "Feira da Amizade". Era um movimento fantástico, iniciativa de Mercedes Ladeira Marchi.

A cidade inteira se reunia e realizava festas, quermesses, apresentações musicais, teatro, tudo o que pudesse congregar pessoas e suscitar sua generosidade, para sustentar todas as entidades assistenciais do município. "Todas!". Não eram poucas.

A Feira da Amizade terminava com dois finais de semana de verdadeira festa familiar, nos pavilhões construídos no Parque destinado à tradicional "Festa da Uva". As famílias cuidavam das barracas típicas: Jundiaí é um reduto de várias nacionalidades. A imigração italiana preponderou, mas há também colônia alemã, portuguesa, espanhola, francesa, japonesa, chinesa, coreana, húngara, lituana. Com certeza, estou me esquecendo de outras famílias que também faziam questão de preparar pratos típicos, servi-los aos visitantes e contribuir com arrecadação que crescia a cada ano.

Ao final da Feira de 1981, já eleito, pensei em convidar artistas e personalidades para participarem da Feira da Amizade. A ideia era a de que eles aceitassem servir como garçons e garçonetes durante uma hora. Seria uma forma simpática de atrair mais convivas.

Onde entra Ellis Regina?

À época, ela vivia com o irmão de uma amiga. Samuel Mc Dowell Figueiredo era irmão de Dolores, então casada com um amigo-irmão, Paulo Marcos Eduardo Reali Fernandes Nunes. Acionado, fez chegar o convite a Ellis, que se lembrou da antiga promessa e aceitou participar da Feira da Amizade.

Eis senão quando, em dezenove de janeiro de 1982, o mundo se surpreende com sua partida!

À tristeza de fã, profundo admirador, se acrescentou a decepção por não poder contar com ela em Jundiaí. Dentre os que participaram da Feira da Amizade, cujo final ocorria em setembro, recordo-me da extrema simpatia de Eva Wilma e Carlos Zara. Não permaneceram apenas uma hora. Ficaram até o encerramento da festa. Confraternizaram, foram agradáveis, posaram para fotografias - e olha que ainda não existiam os celulares! Era preciso pose, intermináveis minutos, sorriso no rosto, até o "flash"!

A Xuxa, que então começava a ser conhecida, esteve pouco antes, num evento da Feira, porque já possuía compromisso para setembro. Quem confirmou e acabou não vindo foi Martha Rocha.

A eterna "Miss Brasil", Eva Wilma, Carlos Zara, o bonachão Jair Rodrigues, - quantas saudades! - a "pimentinha" Ellis Regina já se foram. Mas a mágica do streaming, o Spotify, permitem que todos eles continuem a nos fazer companhia. Quarenta anos sem Ellis! Ela permanece conosco. Só irá embora, quando também formos.

Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião
Em 27 01 2022



voltar




 
Largo do Arouche, 312 / 324 • CEP: 01219-000 • São Paulo • SP • Brasil • Telefone: 11 3331-7222 / 3331-7401 / 3331-1562.
Imagem de um cadeado  Política de privacidade.