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Acadêmico: José Renato Nalini É a juventude que pode fornecer ao Brasil aquilo que não entra na cogitação dos políticos profissionais. Os jovens podem salvar o Brasil.
A salvação está na juventude A despeito da fase pré-falimentar da educação pública brasileira, há uma juventude que protagoniza importantes mudanças nesta nação de tamanha complexidade e problemas. São aqueles jovens que, movidos por curiosidade infinita e igual vontade de aprender, foram além daquilo que a escola ofereceu. Incursionaram pelo mundo web, conseguiram fazer aplicativos, reconheceram a ação pedagógica dos games e, de repente, se tornaram criadores de startups. São esses os que podem salvar o Brasil da incompetência governamental. Praticam, na realidade, a consecução do projeto do constituinte de 1988: edificar uma sociedade justa, fraterna e solidária, rumo à democracia participativa. Pois a democracia representativa já fez água e a ninguém mais convence. Quem é que no Brasil de hoje se sente representado pelos detentores de cargos eletivos? Um dos bons efeitos da pandemia foi o desenvolvimento das chamadas healthtechs, as startups da área da saúde. Mas agora é a vez das ESGtechs, ou também chamadas greentechs, aquelas que incorporaram o conceito ESG, da sigla em inglês: Ambiente, Social e Governança Corporativa. Só os jovens, com sua sensibilidade - e na condição de vítimas preferenciais da omissão - até criminosa - de gente da minha geração, percebem que a humanidade corre imenso perigo: o aquecimento global é capaz de encerrar a aventura do ser racional pelo planeta. Por isso, alguns consumidores conscientes têm capacidade crítica de exigir produtos compatíveis com a cultura ESG. Passam a evitar produtos desvinculados dessa preocupação universal pelo futuro. Embora ainda tênue, é significativa a mudança de rumo dos negócios. As greentechs receberam, aqui no Brasil, quinhentos e trinta e três milhões de dólares, ou quase três bilhões de cruzeiros, em cinquenta e quatro aportes de investidores em 2021. Isso foi o dobro de 2020, de acordo com a plataforma de inovação aberta chamada Distrito. Há muito ainda a ser feito. Se o Brasil é campeão na biodiversidade do planeta, é também aquele que mais sacrifica as espécies, o detentor do mais vergonhoso troféu do ano: o prêmio "Pária Ambiental", outorgado a um governo que extermina a floresta amazônica e demais biomas, antes mesmo de conhecer sua exuberância e calcular sua fabulosa valia. Falta educação de qualidade - sempre ela, a educação! - pois nossa reciclagem é de apenas 3 de todo o resíduo sólido. Mais da metade dos municípios brasileiros ainda recorrem a lixões, fonte de pestilência e continuam a ser formados aterros sanitários. Em áreas que poderiam ser reflorestadas, para repor a incrível falta de um bilhão de árvores de que o Brasil necessita para equilíbrio ecológico. Enquanto o governo mente, nunca se viu tanto desmatamento e tanto incêndio, seja na Amazônia, seja em todos os demais biomas. Até aqui, pertinho de nós, na maltratada Mata Atlântica. Enquanto mais de vinte milhões de brasileiros passam fome diariamente e mais da metade da população sofre de desnutrição e outros problemas, quase cinquenta mil toneladas de alimentos são desperdiçados a cada ano. O Brasil famélico é uma das dez nações que mais jogam comida fora no mundo, segundo pesquisa do SRI - World Resource Institute. Há um campo imenso para a criação de startups que enfrentem essas questões crônicas, diante de um governo perdulário, que só pensa em se locupletar e em reeleição, a matriz de todos os males. O Brasil precisa de mais viveiros de mudas nativas, de mais produtores de frutas, de mais jardineiros, de mais cuidadores da natureza, de mais restauradores dos milhares de cursos d'água que foram enterrados para ceder espaço para o asfalto. Precisa de quem ensine compostagem, de quem recupere os vazios deixados pela incúria e pelo maltrato cruel contra o verde. Precisa de alimento orgânico. Tem urgência de mais cultivo de flores, de ervas medicinais, de pomares, de bosques. Não se justifica a existência de terrenos baldios e de áreas devastadas. É também urgente recuperar as receitas familiares dos doces caseiros, das geleias, das tortas, das compotas. Tudo isso também serve ao turismo doméstico, uma indústria não poluente que também significa rápida e eficaz recuperação da economia. Enfim, é a juventude que pode fornecer ao Brasil aquilo que não entra na cogitação dos políticos profissionais. Os jovens podem salvar o Brasil. Publicado no Jornal de Jundiai/Opinião Em 23 01 2022 voltar |
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