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Acadêmico: José Renato Nalini O ano de 2021 foi atípico e marcou a celebração do bicentenário de nascimento de Fiodor Dostoievski.
DOIS SÉCULOS DEPOIS… O ano de 2021 foi atípico e marcou a celebração do bicentenário de nascimento de Fiodor Dostoievski. O autor de Escritos da casa morta (1862), também chamado Recordações da Casa dos Mortos, memórias do subsolo, (1864), Crime e Castigo (1866), O idiota (1869), Os demônios (1872), Os irmãos Karamazov (1880), continua atualíssimo dois séculos depois… Um exemplo: o livro Crime e Castigo deixa uma lição explícita e verdadeira: quem transige com a norma uma vez, iniciou o catastrófico trajeto de uma contínua violação, cada vez mais intensa. Por isso é que se não pode aceitar vulneração, ainda que pareça insignificante ou venial. Na mesma pátria de Dostoievski, o ditador Josef Stalin (1878-1953), nos legaria a preciosa máxima: uma única morte é uma tragédia; um milhão de mortes é mera estatística. Dois séculos depois, não é o que acontece quando não se lastima, não se chora, não se pratica o ritual do luto em relação às centenas de milhares de vítimas da Covid-19? A cifra parece continuar a crescer, enquanto o negacionismo se mantém inalterável. Uma serena análise do duplo homicídio narrado em Crime e Castigo e a situação contemporânea, em que as mortes ocorrem de forma incessante, sem que se encontre o culpado, leva a uma indagação: onde foi que a humanidade perdeu a noção de culpa? É impossível identificar o nexo de causalidade entre condutas de agentes públicos e o resultado morte? Publicado no jornal Jundiaí Agora Em 18 01 2022 voltar |
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