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Acadêmico: José Renato Nalini Nenhuma a possibilidade de comparação entre a educação da Noruega e a do Brasil.
Impossível comparar Nenhuma a possibilidade de comparação entre a educação da Noruega e a do Brasil. Sempre existe aquela explicação: país com população menor, outra cultura, outro clima, outra história, outro caráter, etc. Todavia, seja permitido lembrar que a escola norueguesa deve servir de inspiração para aqueles que continuam inconformados com a insuficiência da educação pública tupiniquim. É uma constante a constatação de que a Noruega está no topo do ranking de IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, resultante de análise de cento e oitenta e oito nações, quanto a parâmetros de expectativa de vida e educação. Ali, não apenas se prega, mas se concretiza a regra dos direitos iguais à educação para todos os membros da sociedade, independentemente de origens sociais, culturais ou lugar onde vivam. Cabe à escola transmitir conhecimento e cultura e promover mobilidade social, base para a criação de riqueza e excelente convívio social para todos, sem exclusão. O ensino adapta-se às capacidades e aptidões de cada aluno, longe de adestrá-los como se fora uma única e homogênea massa de aprendizes. As crianças têm direito ao mínimo de dez anos de formação básica. Não há obrigatoriedade de Jardim da Infância, embora a regra seja o treino social a partir de um ano de idade. A escola oficial tem início aos seis anos e todos têm direito ao ensino secundário, enquanto escolas superiores e universidades são gratuitas e dispensam vestibular. O ano letivo tem início em agosto e termina em junho. Todos os alunos passam automaticamente para a série seguinte, após as férias de verão. Não existe o instituto da repetição. Toda criança norueguesa tem cento e noventa dias letivos e educação obrigatória dos seis aos dezesseis anos. Embora existam escolas particulares, apenas dois e meio por cento das crianças estão matriculadas nelas. O sistema escolar se divide em três partes: ensino fundamental, obrigatório dos seis aos treze anos; ensino secundário inferior, dos treze aos quinze anos e ensino secundário, dos dezesseis aos dezenove anos. No ensino fundamental, a maior parte do tempo é dedicada a jogos educativos, com aprendizado focado em estruturas sociais, alfabeto, aritmética e habilidades básicas em inglês. Dos três aos oito anos, os educandos são apresentados à matemática, inglês, norueguês, ciência, religião – praticamente história das religiões, todas elas, sua origem e finalidade – estética e ginástica. O complemento é geografia, história e estudos sociais na quinta-série. Não se usa o sistema de notas. Os testes aplicados recebem comentários e os alunos levam para casa, para mostrar aos pais. Existe a possibilidade de um teste introdutório, para que o professor avalie se o aluno está na média, acima dela ou necessita de algum auxílio para alcançar o restante da turma. No ensino secundário inferior o aluno começa a receber notas por seu trabalho. A partir da oitava série, ele pode escolher uma disciplina eletiva, como alemão, francês e espanhol. No ensino secundário superior, comparável ao nosso Ensino Médio, os três anos de estudo opcional já treinam o estudante para o mercado de trabalho. Esse projeto educacional data do medievo. A Noruega tornou-se arquidiocese no ano 1153 e as escolas catedrais foram construídas para educar sacerdotes em Trodheim, Oslo, Bergen e Hamar. Após a Reforma Protestante em 1537, as escolas catedrais foram transformadas em escolas extensivas e obrigou-se a construção de escolas em todos os municípios. Em 1736, a formação em leitura se tornou obrigatória para todas as crianças e em 1827 adotou-se o modelo escola do povo, depois substituído pelo modelo Fundação Escola. O Brasil deveria se aproximar da Noruega e estabelecer convênios para que estudantes brasileiros passassem uma temporada nas escolas norueguesas. Na década de sessenta, isso acontecia com os Estados Unidos. O projeto AFS – American Field Service trazia jovens norte-americanos para um semestre no Brasil, hospedados em casas de família. O intercâmbio também levava jovens brasileiros para conhecer a realidade ianque, mediante permanência em casa de americanos. A experiência haurida nessas viagens era saudável. Nada como viver dentro de um lar, vivenciando a rotina familiar, impregnando-se da cultura local, dos costumes, do modo de vida, de uma rotina estrangeira. É uma fórmula fácil e pouco dispendiosa de se estabelecer relacionamento cordial e amistoso, estreitando os laços de amizade entre os países. À falta de planos governamentais dessa ordem, nada impede que iniciativas individuais, ou de municipalidades, ou de organizações da sociedade civil se incumbam de estabelecer essa via diplomática informal. A Noruega, assim como toda a Escandinávia, principalmente Dinamarca e Suécia, representam um ponto elevado na convivência e no nível civilizatório, tão diferente do nosso. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opiião/Estadão Em 14 12 2021 voltar |
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