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MESTRES INESQUECÍVEIS
Acadêmico: José Renato Nalini
Guardo de meus mestres as mais carinhosas recordações

Mestres inesquecíveis


Outro dia, dediquei-me a reminiscências provocadas por uma foto que Leonel Brayner da Rocha Lima postou num grupo de WhatsApp dos "amigos do Padre Alex". Acabei mencionando mestras que me marcaram, definitivamente, desde a pré-escola, até concluir o então "curso primário", na Escola Paroquial Francisco Telles.

Havia necessidade de exame de admissão e fui sem fazê-lo, confiando em minhas boas classificações durante o ensino fundamental. Logrei aprovação. Iniciei o ginásio em 1957. O GDS, depois CDS - Colégio Divino Salvador, era incumbência dos padres Salvatorianos, que também respondiam pela Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Vila Arens.

O prédio era senhorial. Dois blocos unidos por um corredor. À frente, um belo jardim francês. Um tanque e repuxo de água, com peixes dourados. À direita, um enorme caramanchão, sempre florido. Em sua sombra, os sacerdotes rezavam o breviário.

Ali funcionava o Seminário Menor Salvatoriano. Os seminaristas assistiam aulas conosco. Francisco Vicente Rossi e Edgar Antonio de Jesus eram da primeira turma. A nossa era talvez a segunda. A conferir.

Tenho uma foto da primeira série, com o Padre Paulo de Sá Gurgel, que era o diretor e Frater Arnaldo, postulante que não sei se chegou a se ordenar. Só reconheço alguns colegas: Ademir José Manzato, Fernando Loboda, Gaviglia, Fadigatti, Antonio César Manni, Carlos Alberto de Almeida, Laerte Romini Deto Zuchetto, Mariano Bezan, João Griesius Filho, Vicente Martin. Outros eram Vail Pellicciari, Gilberto Domingues, o Argento, não me lembro o nome dos demais.

No Divino Salvador, como deixar de reconhecer o papel que tiveram em minha vida Padre Paulo de Sá Gurgel, Padre Angelo Zanella, Padre Ditmar Graeter, Padre Gervásio, o "Gervais" do francês, Padre Miguel Schlerdon, padre Gabriel Contini, Padre Mário Teixeira Gurgel, depois Bispo de Itabira, Frater Aurélio e Frater Arnaldo, Padres Canísio e Tomás Moliani?

Nossa formatura, em 1960, foi solene. Salão paroquial de Vila Arens, ornamentação de orquídeas de Orestes Loboda, entramos com a Cavaleria Rusticana. Não sei se foi a melhor escolha. Estávamos a marchar com passos fortes e ruidosos.

Na foto, por ordem alfabética, estão Ademir José Manzato, Bechara Jorge Kachan, Elcio Borgonovi, Elídio Bulisani, Eudimir Ricardo Bizarro, Fernando Álcio Fehr, Fernando Logoda, Francisco Lima, um seminarista que perdi de vista e gostaria de saber se chegou a ordenar-se, Ivan José Bernucci, João Griesius Filho, José Anselmo Contesini, José Carlos Tresmondi, José Eduardo Penaforte Martins, meu cunhado, pois veio a se casar em 1972 com minha irmã Raquel, eu, Luiz Alberto Moraes Pereira, Luiz Francisco Ferreira Bárbaro, o "Picoco", que foi o orador da turma, Roberto Éber Marchi, Mariano Bezan, Mário Augusto de Oliveira Bocchino, Norberto Pastre Júnior, que faleceu muito cedo, Odilon Lopes de Moraes, Orlando de Jesus Moreira, Stéfano Maria Moretti e Roberto Luiz Covesi.

Padre Paulo de Sá Gurgel pilotava sua moto e percorria a cidade, visitando as famílias que entregaram seus filhos à orientação salvatoriana. Ia frequentemente à minha casa, nas tardes de domingo. Quando a conversa se prolongava, ele advertia minha mãe: "D. Benedita: se a senhora tem a intenção de me servir algo, tem de ser agora, senão eu entro no jejum para celebrar na Igreja de Santa Terezinha!". Era a paróquia do bairro que chamávamos "Barreira", mas cujo nome correto era Vila Rio Branco. Por coincidência - outra vez - quando voltei a Jundiaí depois de viver em Votuporanga, Ubatuba, Barretos, Monte Azul Paulista e Itu, fui morar justamente ali, na rua Francisco Otaviano.

Guardo de meus mestres as mais carinhosas recordações. O que aprendi foi com eles. E se mais não sei, a falha é minha. Padre Paulo gostava de que os alunos voltassem a frequentar a escola nos fins de semana e nas férias. Para isso, havia torneios de pingue-pongue, campeonatos de futebol, biblioteca para os menos afeiçoados ao esporte. Apreciava festas. Uma festa junina foi muito bem planejada e todas as noites havia ensaios para a quadrilha. Convidávamos as alunas do Colégio São Vicente. Cuja diretora, muito austera, questionou esse convívio "perigoso". Padre Paulo foi até lá e convenceu a superiora: "Madre: não temos culpa se as meninas mais bonitas e mais educadas são suas alunas! Meus alunos sabem escolher!".

Sei que essa admiração incontida é algo que meus pais me incutiram na infância e conservei o verdadeiro carinho por meus mestres, até o bacharelado na PUC-Campinas e a pós-graduação na USP.

Se houver tempo e oportunidade, refarei esse trajeto, pois este pós-pandemia me deixou saudosista e emotivo. Sei que não sou só eu! Ainda bem.

Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião
Em 11 11 2021



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