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Acadêmico: José Renato Nalini O argumento utilizado pelo Estado Brasileiro é pífio: não existiria métrica perfeita para dizer qual o ideal de proteção. Mais uma insensatez…
Mais uma insensatez A biodiversidade é uma riqueza com a qual o Brasil foi privilegiado pela Providência Divina. Exuberante, rica, potencialmente capaz de garantir a economia e a qualidade de vida para todos os que aqui residem. Só que o governo brasileiro parece não compreender o que isso significa. Na Conferência sobre a biodiversidade ocorrida em Kunning, na China, a COP-15, o Brasil não quer ampliar as áreas terrestres e marítimas objeto de proteção, de 17 a 30. O argumento utilizado pelo Estado Brasileiro é pífio: não existiria métrica perfeita para dizer qual o ideal de proteção. Mais uma insensatez… Ora, é evidente que 30 é muito mais do que 17. Uma República que tem se destacado por hostilizar a ciência – vide a questão do tratamento precoce da pandemia e a campanha contra a vacinação, que levou alguns fanáticos a não se imunizarem – oferece uma explicação bizarra para se recusar à ampliação: “não existe base científica para essa tomada de decisão”. Ou seja: continua a política “solta a boiada”, para que o maior patrimônio desta Nação continental seja reduzido primeiro a pasto e, logo em seguida, a um deserto. Sinais da savanização já estão presentes até no Estado de São Paulo, com as tempestades de areia que só acontecem no Saara. O governo federal de hoje dá mais um passo atrás. Até 2018, o Brasil era um respeitado protagonista ecológico. Desde então, parece ter gostado da condição de “pária ambiental”, oferecendo à civilização um triste exemplo de como se perde rapidamente uma reputação duramente construída. Para quem possuía uma exuberante biodiversidade como a nossa, teria sido fácil até ultrapassar os 30 de áreas protegidas. Elas se prestam a uma exploração econômica muito superior à do pasto. Exaurimos nossa potencialidade turística, antes mesmo de adotá-la como eficiente forma de resgate de uma economia tão combalida como a nossa. O castigo para a insensatez chegará de múltiplas formas. O mundo preocupado com o aquecimento global concluirá que não se espere do Brasil a retomada de uma política ecológica emblemática, mas que ele continue a ser encarado com reservas crescentes. O dinheiro para investimentos tão urgentes não virá. E a produção do agronegócio será afetada pelos compradores que não querem adquirir o fruto do desmatamento e da insensatez. Quem viver verá. Publicado no jornal Jundiaí Agora Em 02.11.2021 voltar |
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