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Acadêmico: José Renato Nalini É completamente insano continuar a tratar a natureza como se ela fora inextinguível.
Tem que acreditar A situação do mundo não deixa alternativa senão a retomada do juízo. É completamente insano continuar a tratar a natureza como se ela fora inextinguível. O desmatamento, a falta d’água, a poluição crescente e a despreocupação por parte do governo constituem a maior prova de que a humanidade está seriamente enferma. E essa patologia foi transmitida ao ambiente. Ele se vinga como pode! As “tempestades de areia” do interior paulista são a resposta para a monocultura da cana-de-açúcar, que empobreceu o solo e acabou com a vocação de minifúndios, verdadeiras autarquias, nas quais a família do agricultor produzia tudo aquilo que era o suficiente para uma vida saudável e digna. Os ufanistas céticos vão dizer que “a fauna do canavial é mais exuberante do que a da Mata Atlântica!”. Têm a desfaçatez de escrever ensaios a respeito. Para enganar quem? Os imbecis acreditam e depois pagam com a saúde e com a abreviação de sua permanência neste planeta. Continuem a não plantar árvores. Continuem a gastar água como se estivéssemos na fase antes “achamento” deste continente pelas esquadras lusas. Vocês vão ver onde vão parar. Mas então não há saída? Talvez haja. Mas é preciso muita coragem e vontade. Coisas que, neste Brasil de hoje, só os fanáticos têm. Para causas que não são propriamente as melhores. Tem que acreditar na cultura ESG. Não como propaganda, marketing ou aumento de lucros empresariais. Como o governo não se sustenta, só a iniciativa privada pode oferecer rota segura para este País desgovernado. Preste-se atenção nos Fundos, os que tentam não perder dinheiro e dar as melhores respostas aos investidores que neles confiam suas economias. Alguns executivos que já passaram pelo desgoverno e conhecem a máquina, viram que há imenso vácuo para ser preenchido por quem quer ganhar dinheiro, sem afundar ainda mais o País. Assim, procuram investir em causas que impactem favoravelmente a sociedade e reduzam as desigualdades agravadas com a pandemia. Os alvos são a internet de fibra ótico e a educação e serviços para pequenos empresários. Isso atende à tendência ESG – Environmental, social & governance, que é a alternativa para frear a sanha exterminadora dos que destroem o ambiente e sabem que não estarão aqui para enfrentar o baque: falta de água e oxigênio, o que significa impossibilidade absoluta de qualquer espécie de vida. O dinheiro sabe que precisa adotar cautelas para se multiplicar. Uma liderança milennial, de nativos digitais, sabe que é possível e até mais lucrativo pensar conjuntamente na tutela ambiental e na obtenção de retorno atraente para o capital. Muitos dos mais talentosos gestores já entendem como é que o ESG impacta os investimentos. Parte deles deixa de investir em empresas que não acreditam em ESG. Um exemplo é o Fundo Canadense CDPQ. Administra planos de previdência públicos de Quebec e tem quase cinco bilhões de dólares investidos no Brasil. Deixou de fazer um aporte em uma indústria de transformação que foi aprovada nos quesitos “S” e “G”, mas falhou no “E”, de Ambiente. Os gestores perceberam que a indústria usava um processo extremamente intensivo em carbono. Negócios com carvão e petróleo precisam ser banidos da face da Terra, assim como se aceitou banir a tortura, a pena de morte, e está demorando para eliminar a indústria de armamento. Se o dinheiro investido em armas – ferramentas fabricadas para matar – fosse destinado à educação, haveria verdadeira renovação da face da Terra. O problema da humanidade é a ignorância, a rudeza, a rusticidade, a crueldade ínsita naqueles que só enxergam o mal, a conspiração, não aceitam a verdade, a ciência e a urgência de uma conversão dos homens para uma vida de cooperação e solidariedade. A Constituição do Brasil de 5.10.1988, que Ulysses Guimarães chamou de “Cidadã”, acreditou no protagonismo individual deste ser que se considera racional, a única espécie que tem condições de pensar e de refletir entre todos os viventes. É o conjunto de tais cidadãos, a ficção chamada “povo” ou “sociedade civil” que tem de dizer “basta” à cegueira e à surdez moral e assumir o compromisso de salvar a Terra para as futuras gerações. Esse o compromisso que o constituinte de 1988 assumiu, em nome do povo, o único titular da soberania. Leia-se, medite-se e cumpra-se o que dispõe o artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil. Já que não se acredita no governo, acredite-se na crença individual de cada um de nós, aflitos diante desse plano perverso e mal-intencionado de acabar com a exuberante natureza tupiniquim. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão Em 11.10.2021 voltar |
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