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Acadêmico: José Renato Nalini Para o capitalismo humanista triunfar, é preciso acabar com o burro intervencionismo estatal que o polui. Quanto menos Estado e mais empreendedorismo privado, essa a receita para tirar o Brasil do atoleiro.
Profit & purpose Quem é que disse que o lucro (profit) deve ser o único objetivo do empreendedor? É óbvio que ele á um alvo legítimo. Não fora a atratividade que ele exerce e ninguém se proporia a realizar atividades que supram os seres humanos dos bens da vida essenciais à sua sobrevivência digna. Ocorre que a fase do “lucro pelo lucro” passou. Integra a arqueologia da história do empreendimento humano. Hoje, ao menos em círculos de privilegiada lucidez, há consciências inebriadas de uma responsabilidade social. Pessoas que alcançaram status invejável em conhecimento e até erudição, fruem de uma vida economicamente estável, não podem deixar de se condoer com a situação de milhões deixados à margem da vida. O Brasil é um exemplo muito evidente de que a minoria abastada – não só em recursos financeiros, mas em acesso ao conhecimento – precisa se preocupar com os milhões que a pandemia mostrou. Os invisíveis, os informais, os desempregados, os semi-empregados, os desprovidos de condições mínimas existenciais. Os desiludidos, os desalentados, os esquecidos, os excluídos. Essa massa deixou de estar oculta. Foi exibida ao mundo, como exemplo do que significa a má política, a falta de compromisso com o bem comum, a corrupção entranhada nos intestinos de uma República que nasceu mal – com a traição ao estadista e homem bom que era Pedro de Alcântara – e que continuou pior ainda. Até chegar a este lamentável estágio. Ou não? Inflação em dois dígitos. Catorze milhões de desempregados. Educação capenga e mais interessada em avaliações para cacifar eleições ou, o que é pior, reeleições – a matriz de todas as desgraças republicanas. Saúde que insiste em negar a ciência e em ocultar causa-mortis dos contaminados pela primeira das grandes epidemias que vai ceifar a humanidade neste século. Partidos políticos empenhados em se perpetuar no poder, fazendo da política uma profissão. Ávidos de benesses, viagens, Fundos Eleitoral e Partidário. Uma incestuosa aliança entre poderes, para manter os privilégios e para manter o povo completamente excluído de qualquer participação na gestão da coisa pública, embora o constituinte de 1988 tenha acenado com uma fictícia Democracia Participativa. A única esperança vem do capitalismo ético. Ou capitalismo humanista, como Ricardo Sayeg proclama em sua obra e implementa no pioneiro Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Nove de Julho, cujo nome lembra uma das páginas de coragem dos brasileiros de São Paulo. Esses ideais impregnam o ambicioso projeto de uma renovação nos estudos de pós-graduação, para que realmente impactem a sociedade e não se destinem a enfeitar repositórios de erudição nunca mais consultados. O capitalismo humanista consegue conciliar o legítimo objetivo do lucro, com um propósito ético, saudável e salvífico (purpose). O propósito é reduzir as desigualdades, depois de acabar com a miséria. É o compromisso que o constituinte, em nome do povo – único titular da soberania – assumiu como objetivo permanente da Nação brasileira. Para o capitalismo humanista triunfar, é preciso acabar com o burro intervencionismo estatal que o polui. Quanto menos Estado e mais empreendedorismo privado, essa a receita para tirar o Brasil do atoleiro. A missão histórica do capitalismo humanista é o de fazer recuar a penúria, a fome e a opressão. Estamos na fase de redesenhar a geografia econômica do mundo, redefinindo o conceito de soberania, que restou superado ante a hegemonia dos grandes conglomerados, os verdadeiros condutores da história no século XXI. A educação de qualidade é o instrumento mais poderoso de renovação dos costumes. Não se pense que o desabamento do comunismo representa, automaticamente, a hegemonia incontestável da democracia. Esta continua a ser aquela plantinha frágil e mirrada, sujeita a fenecer se não vier a ser muito bem cuidada, regada e adubada. O adubo democrático vem com uma educação de excelência, que não se limite a fazer com que o educando seja adestrado a decorar informações que obtém com um “clique” na internet. Uma educação que inclua respeito a si mesmo, ao próximo, à natureza – tão vilipendiada em nossos dias – e ensine o equilíbrio com a transcendência. A nova prosperidade do Brasil, suficiente para inserir no mercado os milhões de excluídos, está no integral aproveitamento da biodiversidade de nossa cobertura vegetal, que está sendo rapidamente exterminada, antes mesmo de vir a ser conhecida. O conceito ESG é a cultura mais próxima à nova mentalidade, capaz de reverter os perigosos rumos trilhados pela República tupiniquim. Estimular os millenials a empreenderem, mostrará que o binômio profit & purpose é perfeitamente viável e significa a receita da redenção brasileira de seus inúmeros déficits. Mãos à obra! A messe é grande! Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão Em 10.10.2021 voltar |
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