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Acadêmico: José Renato Nalini Pensadores que observam o descompasso da educação convencional com as necessidades de uma sociedade complexa como a brasileira, encontraram alternativa à reforma do ensino que parece remota.
Atualidade da educação corporativa Pensadores que observam o descompasso da educação convencional com as necessidades de uma sociedade complexa como a brasileira, encontraram alternativa à reforma do ensino que parece remota. Assim como certas Instituições cuidaram de implementar escolas próprias, algo que ocorre no âmbito da Magistratura, do Ministério Público, da Defensoria Pública, das Procuradorias da Fazenda e das Polícias, o empresariado – muito antes disso – já mantinha seus sistemas de preparo de profissionais. A Universidade Corporativa é a resposta para uma escola que ainda prioriza a memorização, como se as informações não estivessem disponíveis e a cada dia mais facilmente acessíveis no mundo web. É ilusório pensar que um jovem millenial, um nativo digital, que parece já ter nascido com a desenvoltura para o manuseio dos equipamentos eletrônicos, tal como se portasse um chip, se conformará com esse método anacrônico. Essa insistência em conceber o ensino como transmissão do conhecimento, a contemplar o educando como tábula rasa, inteiramente desprovido de saber, afugenta a mocidade da sala de aula. É o que explica a evasão crescente no Ensino Médio, fase etária em que o aluno adquire discernimento e detecta a disfuncionalidade do sistema. Tudo isso fortalece a ideia da Universidade Corporativa, um centro de formação de pessoal qualificado para o desempenho de atividades que sequer merecem abordagem na escola clássica. Nada como dispor de profissionais habilitados em especificidades muito peculiares, para fornecer ao futuro integrante da empresa o real conteúdo que de fato interessa. Algo que não coincide com excessiva carga de teorias praticamente inservíveis, porque não se mostrarão úteis no exercício funcional. O Estado, que tem o dever de propiciar educação – direito de todos – à população, deveria ser o maior incentivador do ensino corporativo, que supre as deficiências de uma estrutura desatualizada e resistente a mudanças, tão necessárias quanto traumáticas. Nada obstante, esse estímulo parece estar longe do Ministério da Educação. Desde 2018 o Conselho Nacional de Justiça aprovou a Resolução número 1, de forma a permitir a realização de Cursos de Pós-graduação pelas Universidades Corporativas. Desde então, a solicitação para o credenciamento de unidades que já têm consistente folha de serviços prestados, com pessoal de nível para a docência, com potencial considerável de interessados, não obtém resposta do Ministério. Essa omissão é incondizente com a situação de depauperamento do ensino estatal em todos os níveis. Há exceções, provindas muito mais do protagonismo individual de educadores vocacionados, que permanecem no campo minado, a enfrentar desafios e vicissitudes. A carreira docente não é recompensada, tanto que nas pesquisas recentes, quase nenhum interessado em se tornar professor tem a coragem de se expor, confessando sua inclinação. O gigantismo das estruturas educacionais oficiais as converte em unidades burocratizadas e centralizadas, sem que aquele que está na sala de aula tenha autonomia para implementar metodologia mais adequada à realidade local. Um enorme equipamento requer inúmeros servidores, todos envolvidos na atividade-meio, enquanto a atividade-fim tende a ser menosprezada e esquecida. Um verdadeiro educador conclamaria todas as Universidades Corporativas para propor uma aliança entre elas e o ensino estatal. A soma da experiência prática mais a teoria resultaria num promissor aceno de urgente e necessária verdadeira revolução na deficitária educação brasileira. Como nos ensinou o notável Paulo Freire, que a inteligência tupiniquim reverencia no momento em que ele celebraria seu centenário, “A teoria sem a prática vira ‘verbalismo’, assim como a prática sem teoria, vira ativismo no entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade”. E se há alguma coisa a necessitar de ação criadora e modificadora, essa coisa é a frágil educação brasileira. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão Em 25.09.2021 voltar |
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