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Acadêmico: José Renato Nalini Ter um filho como Filipe justifica uma vida exitosa e bem vivida
Claudio Antonio Soares Levada A precoce e inesperada morte de Claudio Antonio Soares Levada produziu emoção em inúmeros círculos que ele integrava. No Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo destacava-se como um dos mais ativos e combativos magistrados. Eleito para o Órgão Especial, recebeu honroso mandato de seus pares, confiantes no entusiasmo que imprimia a tudo aquilo que realizava. Foi atuante na vida associativa, tanto que vice-presidente da entidade de classe, a Apamagis. Em nossa cidade natal, nunca deixou de arrostar dificuldades, tamanho o seu protagonismo junto ao Paulista Futebol Clube, o "Galo da Serra", sempre em crise. Era voz ativa no Clube Jundiaiense, colaborava com a imprensa local e tinha programa em rádio e TV. Muito se escreverá a respeito desse desembargador que teria ao menos ainda mais doze anos de permanência na Magistratura bandeirante e poderia galgar os postos de comando, aberto às lideranças que pretendam oferecer um plus ao Judiciário. Além do exato cumprimento do dever funcional - decidir prontamente as lides -o eleito se compromete a colaborar na administração de um poder estatal sempre sob a alça de mira de todos. Mídia, empresariado, sociedade civil, jurisdicionados. Todos costumam "julgar" o único organismo estatal preordenado - exatamente, a proferir decisões que resolvam as contendas e pacifiquem a convivência. Por isso, não vou abordar a carreira de Cláudio Levada, pois todos os que estiveram próximos poderão fazê-lo com resultado melhor. Vou me ater ao início da convivência que tive com ele, iniciada há muitas décadas. As famílias Levada e Nalini sempre se conheceram e cultivaram amizade. Alguns dos melhores amigos de meu pai, Baptista Nalini, eram Levada. Por isso, minha satisfação ao ter notícia de que a caçula de uma família amiga, Margarida Éber e Romeu Marchi, estava a namorar um Levada. Roberto Éber Marchi, o irmão mais velho, era meu colega de classe e amigo. Frequentava a casa dele e, com certeza, cheguei a carregar a Annie. Recordo-me bastante do casamento deles, com recepção no Tênis Clube e o incidente do bufê ter se equivocado e instalado a festa em outro Tênis Clube, em cidade próxima. Talvez Valinhos. Como havia muita bebida, os convidados, à espera do jantar, poderiam se exceder no consumo alcoólico. Tudo terminou bem, mas Roberto e Romeu passaram por momentos de aflição. Admirava o jovem Cláudio, interessei-me por apresentá-lo quando resolveu prestar concurso à Magistratura. Ele sempre comentava que meu ofício de apresentação era verdadeiro diploma de caráter. Algo que pude, com enorme satisfação, renovar em relação a Filipe Antonio Marchi Levada, o jovem e talentoso Juiz de Jundiaí. Mais do que isso, fui privilegiado ao integrar tanto a Banca de Mestrado como a de Doutorado, ambas na USP, desse jundiaiense que nos orgulha. Moço tão erudito quanto discreto, extremamente criativo ao elaborar verdadeira tese, que impactará a ciência jurídica e deverá aprimorar tanto o convívio quanto os negócios. Ter um filho como Filipe justifica uma vida exitosa e bem vivida. Com certeza, é a melhor obra de Cláudio. O legado que continuará sua trajetória, imerso no sistema Justiça, que necessita de juízes com os atributos que ele ostenta. Claudio foi um homem abençoado, seja pela obra, seja pela prole. Ninguém se esquecerá de suas gargalhadas, de seu bom humor, de sua camaradagem, da simpatia e do companheirismo evidenciado em todas as suas relações. Expansivo, impulsivo até, era impossível deixar de ser notado, característica hábil a lograr a proximidade de todos os que se sentiam atraídos por sua verve e carisma. Quando nos tornamos vizinhos, ele a residir, eu a manter local para passar fins de semana e tentar proteger a natureza, combinávamos impedir que o aprazível ambiente viesse a sofrer os frequentes atentados da especulação antiecológica. O carinho por aquela região era algo que nos unia. Partiu muito cedo, quando tanto ainda poderia realizar. Mas viveu intensamente. Não enfrentará a velhice, deixa a cena em pleno auge. Não precisará colher dissabores como enfermidade ou ingratidão. Sua imagem alegre será preservada intacta na memória dos amigos, para a revisita atemporal. Essa a imortalidade que podemos assegurar àqueles que mereceram nossa afeição. Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião Em 09.09.2021 voltar |
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