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Acadêmico: José Renato Nalini O desafio do aquecimento global preocupa os países sérios
Não custa tentar O desafio do aquecimento global preocupa os países sérios. União Europeia sofre os efeitos das inundações, idem o Japão e os afluentes do Amazonas, enquanto Austrália e Estados Unidos enfrentam inclemente seca. O Brasil está a vivenciar a pior falta de chuvas em 91 anos. Embora as medidas necessárias tenham de ser tomadas em escala compatível com a gravidade da questão, é importante lembrar o lema ecológico no seu surgimento: “pensar globalmente, agir localmente”. Ninguém está dispensado de adotar atitudes amigas da natureza, ao contrário do que fazem algumas autoridades pagas pelo povo para cumprir a Constituição, e que a violentam seguidamente. Um assunto que incomoda os carnívoros é o elevado consumo de carne que se tornou rotina à mesa dos brasileiros. O Brasil possui mais cabeças de gado bovino do que população humana. Os gases emitidos pelo gado – o metano, principalmente – é muito mais nocivo à atmosfera do que o gás carbônico da frota automobilística. Não se quer tornar o mundo inteiro vegano. Mas um dia da semana sem carne até que não faria mal. E isso é hoje muito fácil, com o preço que a carne é oferecida ao consumidor. Chefs conscientes, como Jefferson Rueda, que fez de sua “Casa do Porco” um case, assim como sua esposa, a cheffette Janaína Rueda conseguiu tornar o “Dona Onça” um point gastronômico, já se rendem à tendência ainda tímida de alguns comensais sensíveis. Jefferson preparou dois banquetes gastronômicos: um onívoro e o outro vegetariano. Talentoso, ele se serviu da imaginação para produzir pratos apetitosos e atraentes. Assim, o sushi de papada com tucupi negro e ameixa em conserva pode não levar porco, substituído por uma tira de cogumelo Titãs. Ninguém diria que o codeguim virou um embutido de berinjela. Há um tartar de nabo, queijo de coalho com goiabada e picles de cebola rosa parece o torresmo de pancetta. Nhoque de batata doce lembra as fatias de porco e é muito gostoso. Tudo elaborado com a produção própria do Sítio Rueda em São José do Rio Pardo, onde o casal exercita suas habilidades de produtores orgânicos e ecológicos. Essa atitude consciente do casal Rueda é exemplo para aqueles que se comovem com a situação planetária. O mundo tornou-se insustentável e as consequências desastrosas assinalam um porvir borrascoso, que cumpre tentar evitar. As pessoas atentas sabem que cerca de 14,5 das emissões dos gases geradores do efeito estufa provêm da pecuária. Os dados são fornecidos pela Organização Mundial das Nações Unidas para a Agricultura. Aqueles que têm compromisso com o futuro do planeta adotaram estratégias que reduzem o consumo de carne, conforme observa Danielle Nagase, na página “Comer” de 4.7.21. Mas a tendência de se evitar a morte dos animais está também no mundo vegano. Hoje há uma crescente produção de cosméticos veganos, utilizados por aqueles que temem pela escalada de insustentabilidade e não querem ter remorsos por serem parte do problema e não da solução. A empresa Cadiveu Essentials lançou Vegan Repair, numa campanha que tem a cantora Anitta como propagadora de cinco produtos novos, xampu, condicionador, leave in, máscara e beach waves. São fabricados sem uso de matéria-prima animal e não há o emprego de crueldade nos testes. Essa linha de tratamento se apoia nos conceitos “cruelty free”, que significa não se fazer teste em animais e “clean beauty”, beleza limpa. Tudo orgânico, sem utilização de substâncias químicas tais como silicone, parabenos, corantes, óleos minerais e ftalatos, substâncias consideradas tóxicas ao corpo humano. Até as embalagens são recicláveis e feitas de frascos de plástico reutilizado, como informa Juliana Pio, em “Retomada Verde”, Estadão de 4.7.21. Aos poucos, as mentalidades abertas e não carcomidas pela constante prática do egoísmo, vão percebendo que o mundo pede socorro. Nem sempre se pode continuar a fazer “o que sempre se fez”, quando tão próximas estão as ameaças de exaustão do globo. Envenenar o próprio corpo foi praxe durante muito tempo e as consequências estão aí. Usar animais como se fossem seres desprovidos de vida também. Mas filmes como o curta-metragem “Salve o Ralph”, sobre o coelhinho cobaia de laboratório, dão fôlego à Sociedade Vegetariana Brasileira, que confere o selo Vegano, existente desde 2013, a quem incorporar práticas naturais e de respeito a toda espécie de vida. Há muito a ser feito e toda pessoa tem condições de fazê-lo. Por exemplo, ter uma composteira em casa. Reciclar e exigir logística reversa das empresas. Cobrar as autoridades que parecem alheias aos repetidos sinais de exaurimento dos recursos naturais. Assimilar o conceito ESG e leva-lo em consideração em todas as atitudes, conhecer mais sobre sustentabilidade e sobre os perigos que rondam a Terra e que põem em risco a sobrevivência de qualquer espécie de vida em sua superfície. Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão Em 06.08.2021 voltar |
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