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Acadêmico: José Renato Nalini A internet dominou a sociedade contemporânea. É inimaginável que havia pouco tempo não tínhamos celular. E sobrevivíamos.
Que tal começar agora? A internet dominou a sociedade contemporânea. É inimaginável que havia pouco tempo não tínhamos celular. E sobrevivíamos. Quando ele entrou em nossa vida, modificou tudo. Operações financeiras e comerciais, a comunicação familiar e social, hábitos e costumes. Existem os que a acusam de ser um instrumento satânico. Quanto já não se tem alertado sobre os algoritmos que fazem funcionar a Inteligência Artificial e nos manipulam de uma forma praticamente absoluta? Ninguém nega que as eleições brasileiras de 2018 tiveram esse componente. Os políticos velhos - ou velhos de espírito - não acreditaram nisso e obtiveram pífios percentuais de votos. O esquema continuou a funcionar e a guerra de narrativas passou a ser rotina. A psicologia humana explica o motivo do sucesso das inverdades, batizadas de fake news, pois é mais fácil se apropriar do idioma universal, o esperanto do século 21, que é o inglês. O apelo da mentira é muito maior. Daí a disseminação instantânea de falsidades que atingem milhões de pessoas e causam incalculável estrago. Ocorre que essa facilidade das TICs - Tecnologias da Informação e da Comunicação pode servir a boas causas. Já está servindo em países do Primeiro Mundo. Gosto sempre de citar Estônia e Finlândia. São os governos mais digitais do planeta. A cada vez que se elogia esses dois exemplos, os céticos alertam: eles são países pequenos, com população escolarizada. O Brasil é diferente. Mas é importante que ele seja diferente. Um povo criativo, engenhoso, hábil a se adaptar às vicissitudes. Sobrevive de teimoso, quando tudo lhe é adverso. Há vários anos se noticia que teríamos cerca de 270 milhões de mobiles. Hoje esse número deve ser bem maior. De qualquer forma, é uma cifra muito superior à de habitantes, por volta de 213 milhões de brasileiros. O que significa que alguns têm mais de um aparelho que serve para muitas tarefas, inclusive para se comunicar com o planeta. Pois isso deveria incentivar os governos municipais a experimentarem o modelo de Democracia direta possível. As políticas públicas deveriam ser submetidas à cidadania e uma auditoria se encarregaria de aferir a opinião do eleitor. No momento em que a União parece distanciada dos maiores problemas nacionais - o ambiente, a pandemia, o desemprego, a miséria - o município tem de ser o protagonista. É uma entidade federativa, que hoje se resolveu chamar de "governo subnacional". Tem especificidades que merecem atenção e trato local. O bom governante deveria estar em contato direto com aqueles que habitam o território de suas atribuições. Não é aquela visita formal a um determinado bairro, ou escola, ou clube. Depois do sucesso obtido por governos que se valeram das redes sociais para construir uma popularidade incrível, o prefeito esperto nunca mais descuidará desse instrumento. As redes estão em pleno funcionamento. Não custa nada começar a consultar o povo. As pesquisas que alguns órgãos realizam esporadicamente, com número ínfimo de pessoas consultadas, ganhariam em consistência se fossem feitas pela própria Prefeitura. Seria interessante iniciar com consultas básicas: 1. Qual o maior problema da cidade? 2. Quais as questões que devem merecer imediata atenção do prefeito? 3. Escolha cinco temas que não estão solucionados na cidade e procure estabelecer uma ordem de prioridade. 4. Se você pudesse atuar, o que você faria em relação à educação? 5. E à segurança? 6. E à saúde? 7. E ao meio ambiente? Daí por diante, o chefe do Executivo e sua assessoria é que deveriam eleger os temas a serem tratados. A municipalidade poderia convocar a cidadania a oferecer projetos, a elaborar planos, a dar boas ideias, muitas delas concretizáveis. Mais importante de tudo, os consultados se sentiriam prestigiados e nutririam uma noção de pertencimento, nem sempre detectável em cidades nas quais o morador se sente desprestigiado, esquecido e distante do chefe do Executivo. Não é impossível, muito ao contrário, manter um canal direto com a população. Os resultados costumam ser excelentes. De qualquer forma, o prefeito sentiria a realidade, que os áulicos filtram, no mister de só falar o que o chefe quer ouvir. Que tal começar aqui e agora? Publicado no Jornal de Jundiaí em 05.08.2021 voltar |
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