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Acadêmico: José Renato Nalini Militarmente, Jundiaí era mais importante do que Campinas.
A Rosário do meu tempo Falei outro dia de minhas referências na rua Barão de Jundiaí. Hoje contemplo a rua do Rosário. Enquanto houver condições de lembrar, faz bem para mim mesmo revisitar espaços tantas vezes percorrido, principalmente na infância e na juventude. Sim, em Jundiaí as crianças podiam caminhar sozinhas pelas ruas. Sem perigo, sem a aflição apreensiva dos pais de hoje. Não havia muitos veículos. Andava-se a pé. Quantas vezes saía de minha casa, na rua 15 de Novembro e ia à casa de meus avós maternos, na rua Petronilha Antunes. Até mesmo os telefones demoraram a chegar a Jundiaí. Isso foi por volta da década de sessenta. Antes, eram só três algarismos. Em seguida, foram quatro. Minha casa era 4854! Bem, a Rosário era rua muito importante, porque ali ficava a Escola Paroquial Francisco Telles. Ao lado da Matriz de Nossa Senhora do Desterro. Também era a rua do Asilo dos Velhos, depois “Lar Nossa Senhora das Graças”, construído no Anhangabaú. O nome “rua do Rosário” só cobria um trecho de uma longa via pública. Ela começava no Largo de São Bento e chegava até à Praça Rui Barbosa, onde havia o Gabinete de Leitura e o Quartel da AD2 – Artilharia Divisionária da 2ª Divisão de Infantaria. Militarmente, Jundiaí era mais importante do que Campinas, que não possuía um General de Brigada. Tivemos excelentes comandantes: Cesar Montagna de Souza, Oziel de Almeida Costa, com outros oficiais de primeiríssima qualidade, como o Coronel Nelson Pinto. Mas ao sair do Mosteiro de São Bento, rumo à Matriz do Desterro, tínhamos a residência da catequista D. Zéca, mestra que me preparou para a Primeira Comunhão. Depois o lar do Professor Nassib Cury, tão dinâmico, tão prestante, tão operoso. Foi quem me ofereceu a primeira oportunidade para a docência, no saudoso Instituto de Educação Experimental “Jundiaí”. Em seguida, a casa de D. Nair e Sr. Plácido de Castro, a residência dos Pisápio, D. Escolástica Fornari, o Ginásio “Rosa”. Do outro lado, Nega e José de Godoy Ferraz. Quase em frente, Sr. Raphael Ungaro e seus filhos, todos cidadãos de relevo para a cidade. Sei que na esquina com a Siqueira de Morais morava D. Josefina, mãe do Dr. José Romeiro Pereira. Na outra esquina, a família Dr. Alfredo Justino Garcia com suas bonitas filhas. Os Rivelli, mais Alcina e Dr. Rubens Noronha de Mello, a família Bento do Amaral Gurgel, a casa acolhedora de D. Silvandira e Alceu de Toledo Pontes. Durante muito tempo, na esquina com a Coronel Boaventura Mendes Pereira funcionou o Armazém Felipozzi. O consultório de Amadeu Ribeiro Júnior, o “Maninho”, com D. Lavínia e os três rapazes: Laerte, Paulo de Tarso e Flávio. Cheguei a visitar várias vezes o Asilo dos Velhos. Velha construção do tempo do Solar do Barão. Meu pai se encarregou do serviço de marcenaria do novo “Lar Nossa Senhora das Graças”, cujos imensos corredores – assim pareciam para mim – eu percorria com minha bicicleta em inúmeras voltas. Era o que eu fazia em lugar de ajudá-lo... Lembro-me da casa de D. Aída Bocchino, bem na esquina com a Padroeira, mãe de Generoso Mário, Fausto, Alberto, Dario e da filha que se tornou Sra. Dr. Luiz Toledo. A residência dos Borin, a loja do Sr. Thomás, a livraria Anhanguera, que era o único lugar em que se podia comprar livro em Jundiaí. A Casa “Aurora”, do Sr. João Paschoal, a loja do Sr. Taddei, a joalheria do Sr.Kikuta, pai do Kioitsi Chicuta. Na praça, o Cine Marabá, que sucedeu ao antigo Salão Paroquial. O “Dadá”, que era uma casa de lanches. Os Correios, a Escola Paroquial, a casa de D. Nicota, o fotógrafo João Janckzur, a sede originária das Escolas Padre Anchieta, sonho do Prof. Pedro Clarismundo Fornari. Na praça Rui Barbosa morava meu amigo Dindo, o Hermes Dagoberto Nano Villar. Mas, adiante, embora a rua fosse a mesma, ela mudava de nome: era Major Sucupira. Onde moravam Stelinha Sanches, que fazia encontros dançantes e que veio a se casar com José Carlos Polo e minhas primas Lucia Helena (Bidu) e Vânia Copelli Franzini. Essa rua do Rosário só existe nas lembranças, cada vez mais tênues, de quem padece de uma doença incurável: as saudades de um tempo feliz e saboroso, que não volta mais. Publicado no Jornal de Jundiaí/Opinião Em 01.08.2021 voltar |
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