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HÁ NÃO MUITO TEMPO ATRÁS
Acadêmico: José Renato Nalini
Não reconheço mais o Centro de Jundiaí.

Há não muito tempo atrás

Não reconheço mais o Centro de Jundiaí

As cidades, como as pessoas, mudam com o passar dos anos. Há meio século, Jundiaí era outra. Mais tranquila, mais cordial, mais civilizada. E muito mais bonita. Isto é, depende de gosto.

Não reconheço mais o Centro de Jundiaí. Eu gostava das duas ruas principais, a Barão e a rua do Rosário. Começando ali junto à Esplanada do Monte Castelo, o popular "escadão", havia o solar de D. Odete e Sr. Joaquim Storani. O senhorial Grupo Escolar Cel. Siqueira de Morais, repleto de alunos e a Escola Industrial "Dr. Antenor Soares Gandra".

O Polytheama, à época, era só cinema. Caminhando em direção à Matriz, tínhamos um grupo de casas muito bonitas, residência dos Paschoal. No mesmo quarteirão moraram Maria de Lourdes Paes, a Juquita, e suas irmãs. Por ali também residiam D.Jocelina e Sr. Oswaldo Willy Fehr, de "A Pauliceia", ele o primeiro zeloso e competente secretário da Faculdade de Medicina de Jundiaí. Já próximo à esquina da Secundino Veiga, morava e dava aulas o casal de professores Elza Facca e José Flávio Martins Bonilha.

Bem na esquina o escritório de Jacyro Martinasso, que não só advogava, como também promovia Jundiaí com as Festas da Uva e Feiras Industriais. O Jornal de Jundiaí permaneceu no espaço que anteriormente era ocupado pela Folha de Jundiaí. A poetisa Jorosil - Josefina Rodrigues da Silva era uma das moradoras do prédio onde também residia Luisa da Silva Rocha Rafael, também devotada às letras.

Num prédio da Praça Rui Barbosa, em estilo mourisco, a loja do Sr. Adib Feres, pai do Ricardo e do Eduardo. D. Ziza acolhia os amigos com requintada cozinha árabe. Logo em seguida, a mansão de D. Sebastiana e Dr. Salim Gebram. Estupenda edificação, referência arquitetônica de uma época.

O comércio oferecia a loja de calçados de Willy Trippe, Ao Esporte Jundiaiense, a camisaria Filigrana, a casa de ferragens do Sr. Coimbra, na esquina da rua São José uma casa de presentes, onde trabalhava um amigo de escola, de sobrenome Lucato. Depois A Independência, o Hotel Petroni, que deu lugar à Galeria Bocchino. O restaurante Haiti, de D. Adélia Miguel, o Solar do Barão de Jundiaí.

Marchi Joias, de Oswaldo Marchi, a mansão Storani, que era cedida para campanhas como "Ouro pelo Bem do Brasil" e para sediar a comissão organizadora da Festa da Uva. A Pauliceia era o ponto de encontro da juventude que ali permanecia durante muito tempo, antes de ir para a brincadeira dançante do Clube Jundiaiense.

O dentista Dr. Zorzi tinha consultório bem defronte à Pauliceia, ponto de parada dos paulistanos que iam em direção ao que veio a ser chamado "circuito das águas". Era o lugar em que políticos como Carvalho Pinto recebiam os correligionários de Jundiaí.

As irmãs Zambon residiam logo depois da família Jorge Copelli. Ao se passar por ali era comum ouvir a concertista Deolinda Copelli. O bar e restaurante do "Redondo", o escritório do advogado e político José Romeiro Pereira, a grande residência dos Moutran. A CTB - Companhia Telefônica Brasileira na esquina da Siqueira de Morais, onde também morava o casal Benvinda e Tomás Antonio Del Nero.

Os Colaferri depois, o heráldico Grupo Escolar "Conde do Parnaíba", a residência do Dr. Jayme Pinheiro de Ulhôa Cintra. A Cadeia Velha na Praça e o velho Mosteiro de São Bento ladeado por um bosque do lado esquerdo e de um campo de futebol com salão para solenidades do lado direito.

Esse passeio na memória de uma Barão de Jundiaí onde todos se conheciam pelo nome, paravam para conversar e onde se caminhava a pé, a qualquer hora do dia ou da noite, é algo que ficou na saudade.

Sou do tempo em que D. Aninha - Ana Pinto Duarte Paes morava no solar do Barão. Em que na esquina da Barão com a Padroeira havia a Escola Normal, com suas palmeiras e normalistas que cantavam os hinos do Professor Biela. Por sinal, durante pouquíssimo período, fiz parte do coral desse mestre tão entusiasta e criativo. Às vezes sonho com os ensaios à rua do Rosário, e só me consigo lembrar de Celinha Brenna, que também era uma dançarina talentosa, nas inocentes noitadas do nosso Clube Jundiaiense.

Onde foi parar tudo isso? Só com apelos à memória...

Publicado no Jornal de Jundiaí
Em 29.07.2021





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