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EDUCAÇÃO PÓS-PANDEMIA
Acadêmico: José Renato Nalini
A falta de aulas presenciais não é uma tragédia. Mostrou que o uso da tecnologia é irreversível e que os educadores deveriam ter insistido na adoção de táticas digitais, informatizadas, eletrônicas, telemáticas e quantas mais pudessem advir da era virtual.

A falta de aulas presenciais não é uma tragédia. Mostrou que o uso da tecnologia é irreversível e que os educadores deveriam ter insistido na adoção de táticas digitais, informatizadas, eletrônicas, telemáticas e quantas mais pudessem advir da era virtual.

Os alunos já acessavam as redes sociais e tinham desenvoltura no manejo de seus mobiles. Um Brasil que possui mais de 270 mobiles para 210 milhões de habitantes é espaço onde tudo o que puder, deve ser feito mediante uso dessas bugigangas.

Houve resistência de parte do obscurantismo ao uso dessas funcionalidades. Poderíamos estar muito mais adiantados. Bastaria fazer com que as concessionárias das comunicações disponibilizassem banda larga, fibra ótica e outros recursos para todas as escolas e também para os territórios mais vulneráveis.

O número de jovens brasileiros talentosos para a criação de softs e de aplicativos ótimos para o processo educacional é crescente. Não canso de dizer que os “nativos digitais” parecem já nascer providos de chips cerebrais. Os smartphones são uma extensão de seus braços. Não se vive sem eles.

Uma parte do Magistério conseguiu acompanhar essa evolução. Daí o sucesso de muitos docentes que se adaptaram e conseguiram manter o nível do aprendizado e, melhor ainda, do interesse do alunado pelo conteúdo.

Valeria a pena investir pesadamente nesses professores, para que fossem disseminadores de sua expertise perante os demais. Chamar os youtubers, os alunos com facilidade, os comunicadores, os estudiosos de TICs, valer-se daquilo que já existe em outros setores, mas que será útil também para o ensino.

Uma ideia que me parece excelente e que não me consta já tenha sido praticada, é a implementação da monitoria reversa. É uma excelente ferramenta para ajudar um professor a aprender como as pessoas mais jovens estão utilizando a tecnologia ou vivenciando suas experiências. Um jogo “ganha-ganha”, pois o jovem vai perceber melhor o que é possível para o seu futuro.

Já existem programas de monitoria reversa em várias Universidades americanas. É a fórmula ideal para beneficiar os mais idosos, talvez oprimidos pela rápida evolução tecnológica. É apenas uma faceta da constatação de que todos aprendem com todos e que não existe faixa etária exclusiva para o processo de aprendizado. Chama-se “reversa”, exatamente porque é uma inversão da monitoria convencional. Destina-se a propiciar aos maduros a chance de conviver tecnologicamente com os millenials, os que já nasceram nesta era muito estranha para os nascidos na primeira metade do século 20.

Além da oportunidade de troca de conhecimento, a mentoria reversa é o caminho para o cultivo da humildade, da empatia, da receptividade ao novo. Há imenso potencial benéfico em favorecer contato entre gerações diferentes. Os idosos vão haurir o entusiasmo dos jovens, a sua familiaridade com algo que pode parecer estranho, enquanto não for objeto de integral domínio. Já os mais moços poderão usufruir da tradição amealhada e sedimentada pelos maduros.

A mentoria reversa pode ser exercida presencialmente, mas também pode ser oferecida pela forma virtual, online. Quem se permitir essa experiência verá que os ganhos serão superiores às melhores expectativas.

Afinal, a boa convivência com a tecnologia não é decifrar os dispositivos utilizados, mas adentrar às experiências humanas que eles são capazes de criar. Mídias digitais reclamam criatividade, experiência e uso adequado da mente. De nada valeria a tecnologia, examinada teoricamente, de modo abstrato, não fossem as experiências humanas que ela é capaz de proporcionar.

A educação, exclusiva chave para transformar o Brasil, precisará de engenho, arte, criatividade, ousadia e fé, para a produção de seus copiosos frutos. Como disse uma vez Marshall McLuhan, “moldamos nossas ferramentas, e então as ferramentas nos moldam”. A simbiose homem-máquina abre perspectivas para a resolução de inúmeros problemas hoje aparentemente insolúveis. Abramos nossas mentes, sejamos receptivos ao novo, lembrando que o início deste século já começara com uma advertência: “Inove ou morra!”.

Publicado no "Blog do Renato Nalini", em 30/10/2020:
https://renatonalini.wordpress.com/2020/10/30/educacao-pos-pandemia/



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