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Acadêmico: José Renato Nalini
"Se há uma certeza plausível nesta era, é a de que inexiste qualquer certeza. Predomina a incerteza, o inesperado, o imprevisível."
Se há uma certeza plausível nesta era, é a de que inexiste qualquer certeza. Predomina a incerteza, o inesperado, o imprevisível. Aturdida por um excesso de informações, a sociedade está perplexa e incapaz de refletir sobre seu destino. A teia de paradoxos não cessa de crescer. Conseguimos aumentar a longevidade. A expectativa de vida é muito maior do que há algumas décadas. O efeito cruel é o aumento de idosos, com as inevitáveis sequelas de quem não foi premiado com a alternativa de morrer jovem.
Convive-se com exponencial crescimento da ancianidade e horripilante índice de homicídios de jovens. As redes sociais, que permitem aos avós assistirem às peripécias de seus netos em viagem ou em residência permanente em qualquer parte de um planeta cada vez menor, também destroem reputações e incitam ódio.
Os destinos das nações estão cada vez menos subordinados a seus pretensos chefes. O comando hoje está em mãos de jovens, os criadores dos monstros sagrados quais Google, Microsoft, Amazon, seus tentáculos manipuladores da mente dos aficionados, servos submissos e dependentes das redes sociais.
Já viram a idade desses moços? Procurem no Google informações a respeito dos mais ricos nesse exclusivo e seletíssimo time dos geradores de novidades na web.
O espaço deste artigo não permite incursão mais densa. Mas é suficiente ilustrar com o exemplo de Evan Spiegel, cocriador da Snapchat. É aquele app de mensagens que permite a seus usuários mandarem snaps fotos e vídeos que podem sumir segundos depois de terem sido vistos por um destinatário um concorrente do Facebook.
Evan Spiegel tem 28 anos. Sua gestão é instintiva. Confia em sua percepção, mantém o controle de todos os detalhes, ignora as opiniões contrárias, e, ao que parece, tudo deu certo. Não se baseia em análise de dados para a maioria de suas decisões. Aprecia as apresentações baseadas em respostas emocionais, quando vai adotar uma estratégia da empresa e não se submete a números.
O valor de mercado de sua empresa, mercê da popularidade do app entre os jovens e celebridades, chegou a atingir 31 bilhões de dólares, ou seja, 120 bilhões de reais. Sozinho, Evan Spiegel desprezou a oferta de Mark Zuckerberg, interessado em adquirir a Snap. Recusou os três bilhões de dólares ou 11,6 bilhões de reais oferecidos pela companhia.
Tudo isso derivou da criatividade de um moço que estudava design na Universidade Stanford e trabalhava como planejador de festas para fraternidades. Controlador, concentrador, exige fidelidade absoluta de seus subordinados. Impõe prazos e não tolera o descompromisso da equipe.
Enquanto isso, o que o Brasil oferece para seus talentos? A juventude não é motivada a pesquisar. Sem leitura, sem reflexão, sem debates, não há como despertar a curiosidade. Nossas escolas continuam no padrão superado de ensinar a decorar, o que desestimula a criatividade. Ninguém alerta a juventude de que os empregos desaparecerão e as novas necessidades exigem uma formação qualificada e permanente, holística e apta a assimilar mudanças, tudo o que está longe do horizonte educacional tupiniquim.
Não se estranhe quando o mundo for controlado por jovens que ainda não chegaram aos trinta anos, mas que perceberam que os velhos paradigmas vagam insepultos, quais assombrações que mantêm na escuridão da ignorância os que não acordaram para as mutações planetárias.
https://renatonalini.wordpress.com/2019/11/04/quem-manda-no-mundo/
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