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Acadêmico: Gabriel Chalita "Nasce a Flor de Lótus em águas lamacentas.
Nasce e cresce bela."
Nasce a Flor de Lótus em águas lamacentas. Nasce e cresce bela. Esquece o cheiro das sujeiras e utiliza o seu poder perfumador. Deixa de lado o estagnado e cumpre o seu papel de embelezar o universo. Há muitos mitos antigos sobre essa Flor, há religiões que se debruçam sobre o seu simbolismo, há explicações dos observadores da natureza que veem, nela, uma inspiração para a ação humana. Vivemos em lugares lamacentos. É fato. Deparamo-nos com todo tipo de perversidade. Atos violentos nos emparedam nos cantos do medo. Cantamos a canção da tristeza quando somos traídos por um amigo, por um amor. Assustamo-nos com ditos ou malditos de quem até ontem estava por perto. Roubam-nos a linda inocência, aquela que quer de nós uma única persistência, a de continuarmos acreditando no ser humano. Mas há seres humanos por aí nos provando que o melhor é desconfiar, que o melhor é revelar-se o mínimo possível, que o melhor é dizer nada. A fotografia da humanidade parece nos trazer um rio de sujeiras. E não é só hoje. Quantas mulheres e homens corretos foram injustiçados, foram vilipendiados, foram mortos? De suas mortes, entretanto, restaram sementes de novos tempos. Mas por que precisaram sofrer tanto? Por que a incompreensão deu o tom da melodia de suas vidas? A Flor de Lótus não vive de perguntas, mas de florescimentos. Miraculosamente, a flor e o fruto crescem juntos. Sem se preocupar com os espaços em que estão. Sem reivindicar outros cenários. Sem exigir companhias melhores. Cumpre ela, a flor, o seu papel. Crescendo para o alto. Embelezando o ambiente em que nasceu. Felizmente, ela está em lugares diferentes e em cores diferentes para provar que é possível. Em qualquer parte desse mundo tão vasto, é possível perfumar. Os lodos lamacentos não fazem história. Os perversos, também não. Pouco se sabe dos que estavam com as pedras nas mãos para atingir a pecadora. De Jesus e daquela mulher, o mundo não se esqueceu. Pouco se sabe sobre os que tentaram atingir a honra de Madre Teresa de Calcutá ou de Irmã Dulce ou de Mandela, o homem do perdão. Mas suas histórias foram capazes de florescer em ambientes inóspitos. E, nesses ambientes, perfumaram a vida de irmãos seus, humanos errantes ávidos por algum cuidado. Já escrevi sobre os perversos, sobre os que desperdiçam a vida tentando destruir vidas alheias. Nunca vi um perverso feliz. São atormentados que tentam se alimentar de restos de destruição. Tristes vidas sem tema, sem norte, sem perfume. Sobre esses, não nos ocupemos muito. Ocupemo-nos em contemplar a Flor de Lótus e seus místicos significados. Bela, encantada, inspiradora. Publicado no dia 24 de junho, no jornal O Dia (RJ) voltar |
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