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O CAMINHO DE VOLTA
Acadêmico: José Renato Nalini
"Foi longa a caminhada até considerar-se em equilíbrio consigo mesmo, com o próximo, com a natureza e com a transcendência"

Tudo indica não ter sido fácil a rota da civilização. Frágil e só, o humano teve de aprender a enfrentar as dificuldades sem um manual de sobrevivência. Abrigar-se nos refúgios naturais, alimentar-se à base da experimentação, intuir o que traria perigos e em quem e no que depositar confiança.
Depois começou a se comunicar pela palavra, exprimir seus pensamentos, tentar compreender o universo e a imensidão do espaço imaginativo, talvez maior e mais surpreendente do que o cosmos.
Teve de adotar regras de conduta. Avaliar os riscos. Prever as consequências de seus atos. Foi longa a caminhada até considerar-se em equilíbrio consigo mesmo, com o próximo, com a natureza e com a transcendência.
Mas esse equilíbrio não é permanente. A estrutura tensional dessas esferas é suscetível a turbulência. O ser humano é desprovido de um certificado de garantia. Ninguém é o mesmo durante todo o tempo. O “eu” depende das circunstâncias.
Se isso acontece comigo, acontece também com os do meu convívio. Estamos todos à procura do autoconhecimento e da melhor compreensão do outro. Quantas decepções! Quantos desenganos! Se nossa consciência permitir, devemos aceitar que também decepcionamos e frustramos quem confiou em nós.
E em relação à natureza? Dela nos servimos como perdulários herdeiros de uma fortuna gerada sem a nossa participação. Dilapidamos com presteza esse patrimônio que não construímos, colhendo as consequências dessa insensatez.
Se cultivamos a egolatria, nos afastamos da transcendência. Bastamo-nos a nós mesmos. Satisfazemo-nos com o nosso minúsculo e medíocre quintal. O mais não guarda pertinência com as nossas cogitações.
É o que explica a era de aparente insanidade em que vigora a intolerância, a ira, o transbordamento dos impulsos até à violência a manifestar-se sob inúmeras formas.
Será possível a pausa prudencial da sensatez para a retomada de outra trajetória? Conseguiremos fazer o caminho de volta, para verificar em que encruzilhada perdemos o rumo e deixamos a rota do crescimento ético para mergulhar na barbárie? Sem isso, não será fácil acreditar que a humanidade evolui, ainda que gradual e lentamente, em inexorável marcha rumo à perfectibilidade.




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