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O FIM DE UMA ERA
Acadêmico: José Renato Nalini
"Escrevia muito, com o afã de tudo registrar, com as provocações, os desafios, os empurrões. Vibrava por reações. Era irreverente, chocava, mas transbordava de sentimento."

Jundiaí acordou ferida em 28.3.17. E afetivamente atingida. Morreu Luiz Francisco Ferreira Bárbaro, o “Picoco”. Desde janeiro lutava contra aquela fingida, que quando surge, anuncia o fim. Nutria esperanças. Submeteu-se ao flagelo de um tratamento que poderia ser menos agressivo e doloroso neste sonhado século 21.
Com ele termina o clã dos Bárbaro. Foi-se Oswaldo, o líder de bairro, o cidadão atuante em to¬dos os cenários. Foi-se Léta, a “mãezona” de quantos podia acolher sob suas asas. Perdemos Pituca, a menina mimada, cujos quinze anos transformou o “Balaio” num palácio e cujo casamento com Vadinho, o Oswaldo Negrini Coutinho, fez do Clube Jundiaiense palco de uma das mais exuberantes recepções desta Jundiaí.
Jundiaí que Picoco amou até à morte. Que defendeu com sua palavra fácil, até no atropelo, quando queria comunicar mais do que conseguia verbalizar. Escrevia muito, com o afã de tudo registrar, com as provocações, os desafios, os empurrões. Vibrava por reações. Era irreverente, chocava, mas transbordava de sentimento. Nada nele era morno. Fazia lembrar o Evangelho: “Sede frios ou quentes! Os mornos, cuspirei de minha boca…”.
Idolatrava sua Ponte São João. Emocionava-se ao falar dela. Sempre a projetou. Sua gente, seus costumes, suas festas. Era “o carnavalesco”. Vibrava, congregava, mantinha aceso o espírito da folia que era quase religião, pois impregnada de misto patriotismo: planetário e paroquial.
Amigo dos amigos, era leal e generoso. Importava-se com eles e acompanhava as vitórias e as desditas. O nome de seus amigos: legião! Em todos os ambientes, em todos os estamentos. E o tesouro pelo qual se preocupava mais era o seu núcleo íntimo: José Oswaldo, fidelíssimo sobrinho/filho, Maria Fernanda, tão querida, o pequeno João Pedro, com cujo futuro sonhava.
Picoco mudou Jundiaí e não passou desapercebido. Sabia ser cáustico, mas sabia conquistar. Com ele morre toda uma era: aquela das conversas consistentes, das comparações ambiciosas, do humor sempre bem elaborado, das ironias, das lágrimas seguidas de garga-lhadas, mas de um incomensurável amor à vida. Todos passamos. Ele passou e esteve muito presente em nos¬sas existências. Fará imensa falta! E viva a vida!
Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 29/03/2017




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