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SEM MILAGRES, MAS COM ESFORÇO
Acadêmico: José Renato Nalini
Em São Paulo, em 2015, os gastos com educação chegaram a R$ 35,1 bilhões. R$ 8,3 bilhões para as Universidades e R$ 26,8 bilhões para a Educação Básica.

A situação da educação brasileira preocupa a todos os bempensantes. Se levarmos em conta as avaliações, notadamente as internacionais, como o exame PISA, critério da OCDE, não estamos no melhor dos mundos. Mas é preciso ponderar que não há respostas simples para problemas complexos. E a educação é uma questão extremamente complexa.
O próprio conceito de educação está em xeque. Vivencias e a 4ª alguns dizem a 5ª Revolução Industrial e continuamos a ensinar em salas fechadas, carteiras enfileiradas e um professor a prelecionar durante 50 minutos. Disciplinas compartimentadas e sem qualquer ligame concreto com a vida real. Isso já era criticado por Montaigne em seus “Ensaios”, há séculos. Pouco mudou a estratégia de ensino em todo o mundo.
Não tem faltado dinheiro, por mais que se critique a insuficiência de verbas. Em São Paulo, em 2015, os gastos com educação chegaram a R$ 35,1 bilhões. R$ 8,3 bilhões para as Universidades e R$ 26,8 bi¬lhões para a Educação Básica. Enquanto a Constitui¬ção da República ordena destinar 25% das receitas em educação, o Estado de São Paulo tem aplicado mais de 30% e há seguidos anos: 30,13% em 2012, 30,15% em 2013, 30,22% em 2014 e 31,27% em 2015. No Fundeb, a aplicação foi de R$ 15,9 bilhões, o equivalente a 100% dos recursos recebidos. Desse montante, 68,5% foram utilizados para pagamento dos profissionais do magistério em efetivo exercício e R$ 5 bilhões transferidos aos municípios que possuem rede própria de educação básica.
Há muitos anos São Paulo dispõe de base curricular, cuja implementação serve de experiência para a atual discussão da BNCC. E é evidente que o ensino integral produz resultados mais eficazes do que o turno mínimo regular.
Isso porque no período expandido, o aluno pode se devotar a disciplinas eletivas e a desenvolver o seu “projeto de vida”, antecipando os desafios que enfrentará assim que encerrar o ciclo de escolaridade normal. Tal estratégia propicia reflexão a respeito de seu futuro, das habilidades que necessitará para exercer uma profissão prazerosa e garantidora de qualidade de vida compatível com o investimento feito em sua formação.
Algo que o Brasil tem de levar em conta é a singularidade das novas gerações, que já nascem apa¬rentemente “chipadas” e plugadas às redes sociais e evidenciam excepcional desenvoltura para vivenciar o ambiente digital. O conhecimento nunca esteve tão disponível e acessível para quem tiver curiosidade intelectual. Através de smartphones, celulares, tablets e computadores, pode-se ingressar nas melhores Universidades e nas mais prestigiadas bibliotecas de todo o planeta. Percorrer o tesouro de aulas e filmes bem realizados, obter informações detalhadas e exatas em todas as áreas essenciais a um adequado crescimento cultural.
O uso das modernas tecnologias da comunicação e informação é imprescindível para interessar essa geração 3D, que trabalhará com a inteligência artificial e com a internet das coisas em sua vida adulta. Para isso, a conectividade em todas as escolas, a oferta de wi-fi gratuito e de banda larga a todos é urgente. As concessionárias devem cumprir sua parte nos termos dos contratos e o governo precisa exigir esse adequado cumprimento, com a atualização da melhor qualidade, assim que a oferta comercial também merecer salto qualitativo.
Mas o fundamental é acordar a Nação inteira para as suas responsabilidades em relação à educação, chave de resolução de todos os problemas brasileiros. Se a educação é direito de todos, não é dever exclu¬sivo do Estado. É obrigação do Estado, sim, mas em solidariedade com a família e com a sociedade.
O Estado está aplicando recursos preciosos na Rede Pública. Mas a eficiência do ensino/aprendizado se vincula também e há quem diga que prioritariamente, ao dever familiar de não se descuidar do “currículo oculto” ou “currículo implícito” da boa educação de berço. Professor merece respeito, assim como o equipamento público edificado para uso do aluno e pago com dinheiro do povo. E toda a sociedade, destinatária do processo educacional, precisa mergulhar nessa missão que, levada a sério, em uma geração, transformará o Brasil real, fazendo-o coincidir com os nossos sonhos. Temos o direito de sonhar, mas também o dever de concretizar as utopias.




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