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CADA VEZ MAIS VULNERÁVEIS
Acadêmico: José Renato Nalini
"Quem anda só de carro pode perder a noção da rota, principalmente quando a pé e a trilhar caminhos nem sempre rotineiros."

Domingo de Carnaval, convidei minha irmã para visitar um amigo internado. Convenci-a a ir a pé. Vamos aproveitar para ver os foliões na avenida Paulista. Ela topou. E fomos caminhando.
Havia de tudo na mais emblemática via pública da capital. Famílias, ciclistas, gente fantasiada. Muitos a usarem seus “baseados” ou a prepará-los, com desenvoltura, sentados ao meio-fio.
Descemos a Vergueiro e, conversando, não vimos que a rua do Hospital ficara para trás. Quase chegando à Sé, reconheci meu erro. Quem anda só de carro pode perder a noção da rota, principalmente quando a pé e a trilhar caminhos nem sempre rotineiros.
Ela se dispôs a procurar o endereço num aplicativo. Tira do bolso o seu hi-phone 7 e, imediatamente, um ciclista vem pelo passeio, passa por entre nós dois e, com violência, arranca o celular de suas mãos.
Além do susto, da agressão e da sensação de impotência, não sabíamos o que nos esperava.
Em menos de trinta minutos, o ladrão ligou para dezenas de pessoas que estavam na lista de contatos de minha irmã, começando com as mais novas. Sobrinha-neta, sobrinhas, amigas. A todas pedindo depósito urgente em dinheiro, como se fora a própria dona do celular. Como havia fotos do Chile, para onde ela viajara na semana finda, ele teve a iniciativa de dizer que ela estava em Santiago e que seu cartão fora bloqueado. Prometia devolver a quantia assim que chegasse a São Paulo.
Muito susto, muita preocupação e a desenvoltura com que o ladrão forneceu CPFs de pessoas que receberiam o valor dos depósitos.
Por sorte, ninguém chegou a depositar. Restou o trabalho para a recomposição de todos os dados contidos no celular, repositório de informações detalhadas sobre a vida de seu titular. Além do prejuízo, do susto, do hematoma que no dia seguinte surgiu, em virtude do gesto brusco de retirar o objeto das mãos de sua proprietária.
Somos cada vez mais vulneráveis e levados a concluir que a responsabilidade é de quem usa celular na rua, que foi ingenuidade tentar localizar um endereço em logradouro público, às vistas dos infratores que estão atentos para encontrar lacuna de atenção e descuido, usado em seu benefício e em detrimento das indefesas vítimas.





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