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Acadêmico: José Renato Nalini "É urgente a coragem de dizer que não há milagres à vista e que os números não mentem. A verdade é sempre a melhor solução. Sem tergiversação, sem subterfúgios, sem disfarces."
A crise política, a desaguar no desastre econômico financeiro em que o Brasil se encontra, é muito mais grave do que se possa imaginar. A despeito de certa euforia pela eficiência da equipe econômica, observadores externos avaliam que a volta a parâmetros de 2014 só se atingirá em 2025. As análises se baseiam na incapacidade de um consumo interno deflagrador da produção, impotência da indústria em se modernizar e absoluta insuficiência de caixa para estimular um desenvolvimento sustentável. Já passou da hora de se “abrir o jogo” com a população que está a sofrer as consequências do débacle. As famílias cortaram custos. Reduziu-se o consumo de carne. Muitos venderam seu carro. A legião dos desempregados atinge 41 milhões de pessoas e não apenas os 12 milhões que ainda não desanimaram de procurar emprego. É urgente a coragem de dizer que não há milagres à vista e que os números não mentem. A verdade é sempre a melhor solução. Sem tergiversação, sem subterfúgios, sem disfarces. Todo gestor público sabe que a situação é muito mais aflitiva do que se poderia imaginar. Quem sustenta a inviabilidade de cortar custeio tem de experimentar os cortes nos ossos, já que os cortes na carne foram feitos gradualmente. Enxugar estruturas, cortar penduricalhos, voltar à singeleza. Abandonar a sofisticação. Deixar o sonho ufanista de lado, ao menos momentaneamente, para que não falte o arroz e feijão. Por mais irônico possa parecer, a fragilidade do governo é no momento a sua força. A chance do povo brasileiro merecer as reformas estruturais profundas reformas estruturais que deveriam ter sido feitas há décadas e que foram relegadas. Sem a racionalização, sem adotar a eficiência austera, não se ultrapassará esta fase amaríssima. E a sociedade precisa saber que todas as esferas de governo estão imbuídas da mesma intenção de mudar a cultura brasileira. Acabou-se a bonança. Já não há condições de gastança. Agora a economia e otimização de gestão não decorre de virtude, mas de urgente necessidade. Situações trágicas servem para a quebra de paradigmas. Por que não ser transparente, alertar a população a respeito dos sacrifícios que ainda serão necessários? Cuida-se do futuro de nossas crianças. É melhor “avermelhar” uma vez do que “amarelar” para sempre, como reza a sabedoria popular. Fonte: Diário de São Paulo | Data: 02/03/2017 voltar |
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